Espanha. Conferência Episcopal encomenda auditoria independente sobre abuso sexual de menores
22-02-2022 - 15:57
 • Ana Catarina André

O trabalho deverá demorar um ano e será realizado por um escritório de advogados

A Conferência Episcopal Espanhola (CEE) solicitou uma auditoria independente sobre abusos sexuais na Igreja Católica, ao escritório de advogados Cremades & Calvo-Sotelo. “A Conferência Episcopal Espanhola quer dar um passo no seu dever de transparência social, de ajuda e reparação às vítimas e colaboração com as autoridades sobre os casos de abuso sexual que afetam a igreja espanhola”, disse o cardeal Juan José Omella, presidente da CEE, em conferência de imprensa, esta terça-feira.

A auditoria pretende documentar todos os casos conhecidos e deverá incluir recomendações sobre a reparação das vítimas e a prevenção de abusos no futuro. Estima-se que o trabalho que, desde esta segunda-feira está a ser desenvolvido por 18 profissionais, tenha a duração de um ano, “um tempo suficiente para ter uma imagem fiel do sucedido”, disse Javier Cremades, presidente da empresa que irá realizar a investigação.

O grupo de trabalho, agora formado, disponibilizou também o endereço de email denunciaabusos@cremadescalvosotelo.com, que as vítimas podem utilizar para denunciar os crimes de que foram alvo.

“Vamos visitar cada diocese, entender o que se está a fazer e recolher uma opinião e recomendação sobre o que há, incluindo os colégios religiosos e as ordens religiosas”, acrescentou o responsável, explicando que a Conferência Episcopal Espanhola não será um canal para chegar às dioceses.

Javier Cremades disse ainda que a equipa analisou trabalhos de investigação sobre tema realizados noutros países, como Alemanha, França, Irlanda ou Austrália. Trata-se de “aprender com os erros e os êxitos de todos aqueles que levaram a cabo esta tarefa com profissionalismo nas sociedades que quiseram passar por este processo para sanar aquela ferida, que é grande e profunda”.

O advogado declarou, também, que esta investigação se faz para colaborar com o governo. “A primeira coisa que fiz ao receber este mandato foi pôr-me em contacto com Ángel Gabilondo [provedor de justiça] e dizer-lhe que, aconteça o que acontecer, seja qual seja o modelo que os poderes públicos estabeleçam, o trabalho que vamos fazer estará coordenado com eles.”