À entrada de nova semana de bombardeamentos destrutivos no território ucraniano parece ser claro que o Kremlin iniciou uma guerra sem cuidar do planeamento dos detalhes de maior substância, resistência dos invadidos incluída. Seis semanas depois, o momento é sensível: tanto parece admissível um cessar-fogo como o agravar do conflito.
Na Rússia, Putin já terá intuído que não vai conseguir uma vitória rápida e ocupar militarmente um país de área superior à França. Na Ucrânia, Zelensky reconhece ser necessária uma saída que evite a destruição diária do país. À Economist disse que vitória passou a ser salvar o maior número possível de vidas.
Com a Europa a girar a uma velocidade estonteante, a guerra na Ucrânia a maior das disrupções, novas variáveis foram acrescentadas à já complexa tarefa de governar depois do interregno suscitado pela espera da confirmação dos números oficiais das legislativas, adiando a posse do parlamento e do novo governo.
À cabeça das variáveis está um desafio complexo, o da inflação. Na zona euro deverá ser de 7,5% em março, um valor muito acima dos 5,9% registados em fevereiro, de acordo com a estimativa rápida do Eurostat. É mais um máximo histórico.
Em Portugal, a inflação subiu para 5,3% em março – impulsionada pela guerra e pelo aumento dos preços dos combustíveis, energia e alimentos, o valor mais alto desde 1994. Em Espanha é de 9,8% sendo preciso recuar 40 anos para um valor tão elevado. Na Alemanha a estimativa preliminar aponta para 7,6%.
A análise à guerra e o desafio colocado pela inflação – realidade nunca enfrentada na vida ativa pela maioria dos governantes (de 1973 a 1985 a média foi de 22%) – são temas para a análise de e Nuno Botelho, líder da ACP Câmara de Comércio e Indústria, Manuel Carvalho da Silva, professor do CES e do jornalista José Alberto Lemos.