D. José Ornelas elogia “clareza e sólida defesa do humanismo” de Marcelo
30-11-2021 - 10:57
 • Filipe d'Avillez , com redação

Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa diz que o veto à eutanásia dá ao país a oportunidade de se juntar para lutar por valores consensuais.

D. José Ornelas elogia a postura de Marcelo Rebelo de Sousa no veto à lei da eutanásia.

O Presidente decidiu enviar a proposta de lei de volta para a Assembleia da República, citando incongruências no texto. Na prática a decisão inviabiliza uma reapreciação do assunto nesta legislatura, uma vez que a dissolução do Parlamento está por dias.

Contactado pela Renascença, o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) diz que Marcelo agiu de forma clara ao longo de todo este processo. “Em primeiro lugar quero sublinhar a atitude que o Presidente tem sempre tido de clareza e de sólida defesa dos valores do humanismo, que não sendo afirmação de uma opinião pessoal, se pauta pelo rigor, respeito pela diversidade e, ao mesmo tempo, seriedade na defesa dos valores fundamentais da natureza humana, consagrados na nossa Constituição.”

Para D. José Ornelas, o chefe de Estado presta assim “um grande serviço a todos, independentemente da opinião que temos sobre os assuntos. Temas destes têm de ser tratados com toda a seriedade, com toda a coerência, mas ao mesmo tempo também com uma visão humanista da vida que nos leva, pelo menos, à afirmação de uma sociedade respeitosa na justiça e nos valores da dignidade humana e da sua defesa em todas as situações”.

O bispo de Setúbal considera ainda que o país deve aproveitar este momento para aprofundar em conjunto a reflexão sobre preocupações comuns. “Este é um momento para todos de repensar seriamente todos os valores em causa e não deixar de levar simplesmente por parte da razão que todos temos, mas criar um sistema que defenda os grandes valores que todos queremos alcançar.”

Este processo deve, considera, garantir o “respeito pela dor das pessoas, mas ao mesmo tempo o apoio a que têm direito da sociedade, não só do ponto de vista dos cuidados médicos, mas dando razões para viver e para se inserir por dentro de um Estado que quer ser humano, justo, e que cuida dos seus cidadãos em todas as situações da sua vida.”

Da parte da Igreja institucional, conclui D. José Ornelas, a posição sobre a eutanásia é clara. “Nós, como Igreja, temos uma noção muito clara sobre isto. Mas por outro lado, respeitando todas as outras opiniões, não deixamos de afirmar os valores humanos que queremos não só defender, mas também ajudar a tornar possíveis através de caminhos de respeito e de cuidado da pessoa em todos os estados da sua vida, também quando experimenta o sofrimento e a fragilidade própria da nossa natureza.”