Morreu esta semana o patriarca oficial da Igreja Ortodoxa da Eritreia. Abune Dioskoros tinha 80 anos e estava doente há vários meses, informou o Governo de Asmara, e será sepultado no sábado, 26 de Dezembro.
Segundo o Estado, Dioskoros era o quinto patriarca daquela Igreja, que se autonomizou da Igreja Ortodoxa Etíope depois da independência da Eritreia. Contudo, a sua eleição em 2007 só foi possível porque o Governo depôs o seu antecessor Antonios e colocou-o em prisão domiciliária, depois deste se ter queixado da intervenção do Estado em assuntos da Igreja.
Antonios está em prisão domiciliária há oito anos e nada se sabe em concreto do seu estado de saúde. Apesar da vontade do Estado, a maior parte das igrejas que têm relações com a Igreja Ortodoxa da Eritreia, incluindo a Igreja Católica, continuam a reconhecer Antonios como patriarca legítimo. A maior parte das comunidades eritreias da diáspora também não reconheciam Dioskoros.
A Igreja Ortodoxa da Eritreia faz parte da Comunhão de Igrejas Ortodoxas Orientais que se separaram da Igreja Universal no século V, não tendo reconhecido a validade do Concílio de Calcedónia. Desta comunhão fazem parte a Igreja Ortodoxa da Etiópia, a Igreja Copta, a Igreja Apostólica da Arménia e a Igreja Malankara, da Índia.
Vários líderes cristãos lamentaram publicamente a morte de Dioskoros, ressalvando que esta seria uma boa oportunidade para o Governo libertar Antonios e tentar sanar as divisões criadas pela intervenção do Governo em 2007.