O Papa Francisco inicia este domingo uma viagem de três dias aos Emirados Árabes Unidas, uma visita marcada pelo diálogo inter-religioso que quer abrir uma “nova página” nas relações entre cristãos e muçulmanos.
“Estou feliz por esta oportunidade que o Senhor me ofereceu para escrever, na vossa querida terra, uma nova página da história das relações entre as religiões, confirmando que somos irmãos, mesmo sendo diferentes”, referiu o pontífice, numa videomensagem divulgada antes da sua deslocação.
Francisco sublinha que a fé em Deus “une e não divide, aproxima, não obstante a diferença, afasta da hostilidade e da aversão”.
O Papa saúda em árabe a população do país – “Al Salamu Alaikum, a paz esteja convosco” -, mostrando-se satisfeito por visitar os Emirados Árabes Unidos, uma “terra que procura ser um modelo de convivência, de fraternidade humana e de encontro entre as diferentes civilizações e culturas, onde muitos encontram um lugar seguro para trabalhar e viver livremente, no respeito das diversidades”.
Francisco agradece ao xeque Mohammed bin Zayed pelo convite para participar no encontro inter-religioso sobre o tema da ‘Fraternidade humana’, que se realiza na segunda-feira à tarde, em Abu Dhabi.
O lema da 27ª viagem internacional do atual pontificado é tirado da oração de São Francisco de Assis: “Senhor, faz de mim um instrumento da sua paz”.
A videomensagem do Papa deixa ainda uma saudação ao “amigo e querido irmão”, o grande imã de Al-Azhar, Ahmad Al-Tayyeb, e aos que colaboraram na preparação do encontro.
A viagem tem início marcado para as 13h00 deste domingo, em Roma (12h00 em Lisboa), estando a chegada a Abu Dhabi prevista para às 22h00 locais (18h00 em Lisboa).
Na segunda-feira, ao meio-dia, decorre a cerimónia de boas-vindas na entrada do Palácio Presidencial, seguida da visita oficial ao príncipe herdeiro; de tarde, após um encontro privado com os membros do Conselho Muçulmano de Anciãos (Muslim Council of Elders) na Grande Mesquita do xeque Zayed, decorre um dos momentos centrais da viagem, o encontro inter-religioso no qual o Papa vai proferir um discurso.
Na terça-feira, Francisco visita a Catedral de Abu Dhabi e, às 10h30, preside à Missa no Zayed Sports City, com uma assembleia que vai superar as 130 mil pessoas.
A maior Missa de sempre na península arábica vai ser animada por um coro de 120 pessoas, sobretudo emigrantes, oriundas das nove igrejas dos Emirados Árabes Unidos.
O dia 5 de fevereiro foi declarado feriado para funcionários do setor privado que sejam detentores de licenças para participar na Missa presidida pelo Papa.
Mohammed bin Zayed, príncipe herdeiro de Abu Dhabi, recorreu à sua conta da rede social Twitter para deixar uma mensagem de boas-vindas ao Papa.
“Saudamo-vos calorosamente, Santo Padre, Papa Francisco, e ansiamos pelo histórico Encontro de Fraternidade Humana entre si e sua eminência o Dr. Ahmad Al Tayyeb, grande imã de Al-Azhar Al Sharif, em Abu Dhabi. Temos a esperança de que as gerações futuras prosperem em paz e segurança”, escreveu.
A Santa Sé e os Emirados têm relações diplomáticas desde 2007 e em 2010 o país árabe nomeou uma embaixadora no Vaticano, Hissa Al Otaiba.
Os Emiratos Árabes Unidos e a Fundação Varkey convidaram em 2016 as ‘Scholas Occurrentes’, um projeto criado pelo Papa, a organizar uma experiência-piloto com os jovens do Dubai, a primeira desta rede educativa promovida num país muçulmano.
Segundo o relatório 2018 sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, da fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre, os cristãos são 12,4% da população dos Emirados (9,2 milhões de pessoas); os muçulmanos, 76,7%, não têm direito a mudar de religião e a apostasia do Islamismo é punível com a morte.