Falta de medicamentos nas farmácias. O problema pode tornar-se caótico
11-01-2023 - 08:04
 • Olímpia Mairos , Ana Fernandes Silva

Segundo a Associação Nacional de Farmácias, há falta de medicamentos - sejam eles de venda livre ou sujeitos a receita médica -, mas a indisponibilidade não é constante e prende-se com dificuldades e atrasos na reposição.

Há farmácias onde faltam medicamentos e onde se fazem listas de espera por determinado xarope ou comprimido.

Numa ronda por várias farmácias do Grande Porto, a Renascença verificou que a falta de medicamentos é uma realidade cada vez mais comum. Teme-se que a situação possa piorar e tornar-se mesmo caótica.

Há roturas de vários medicamentos, os fornecedores não entregam porque os laboratórios também não têm para entrega e as listas de pedidos de reserva, já extensas, aumentam diariamente.

A Associação Nacional de Farmácias (ANF) confirma que há falta de medicamentos - sejam eles de venda livre ou sujeitos a receita médica. A presidente da ANF, Ema Paulino, sublinha que a indisponibilidade não é constante e que se prende com dificuldades e atrasos na reposição.

“Têm-se reportado faltas relativas, por exemplo, a antibióticos em solução oral, também em ibuprofeno e paracetamol em solução oral. Contudo, estas faltas têm sido pontuais e rapidamente têm sido repostos os medicamentos no mercado”, diz Ema Paulino à Renascença..

"Não podemos dizer que existe uma indisponibilidade constante. Existe é uma reposição, por vezes, um pouco atrasada. E daí que algumas pessoas possam sentir essas faltas, mas, depois, numa visita posterior à farmácia, estes medicamentos já podem ter sido repostos”, acrescenta.

A presidente da ANF diz que esses atrasos na reposição devem-se ao aumento de procura de medicamentos, a nível internacional: “Tem havido uma procura superior ao nível dos medicamentos e a produção não tem conseguido acompanhar a procura."

"Como existe a nível internacional este contexto de escassez de medicamentos e Portugal é um mercado pequeno e com preços baixos, quando existe uma distribuição do 'stock' disponível pelos vários países é natural que, em algumas circunstâncias, Portugal não seja prioritário para a colocação dos medicamentos”, explica Ema Paulino.

Para minimizar as consequências, a ANF gostaria que os farmacêuticos pudessem fazer o que faziam, quando as receitas eram em papel: "Se, por exemplo, não existir dosagem de dez miligramas possa ser dispensada uma embalagem de cinco miligramas em que a pessoa vai tomar dois comprimidos."

“Anteriormente, quando tínhamos as prescrições manuais esta atuação do farmacêutico já estava prevista e aquilo que nós fazíamos, na altura, era no verso da receita justificávamos com a falta do medicamento, datávamos, rubricávamos, era uma autorização que passava sempre pela direção técnica da farmácia”, explica.

“Neste momento, com prescrições eletrónicas, nós só podemos dispensar exatamente o que está na prescrição”, conclui a presidente da ANF.