Embaixadora ucraniana colabora com Portugal para sancionar oligarcas russos
03-03-2022 - 15:09
 • Fátima Casanova com Renascença

A embaixadora da Ucrânia em Portugal admite que Roman Abramovich pode ficar fora da lista de sanções por ter a nacionalidade portuguesa. Em entrevista à Renascença, Inna Ohnivets acusa Putin de ser um "terrorista" e garante que o seu país está determinado em aderir à NATO e à UE, apesar da invasão russa.

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A embaixadora ucraniana em Portugal, Inna Ohnivets, está a colaborar com as autoridades portuguesas para elaborar uma lista de oligarcas russos que devem ser sancionados, na sequência da invasão da Rússia à Ucrânia.

Em entrevista à Renascença, a diplomata aponta que estes multimilionários estão a financiar a guerra e, por isso, são necessárias "sanções severas".

"Os oligarcas ligados com Putin devem ser punidos", apela.

Inna Ohnivets admite, no entanto, que Roman Abramovich, oligarca russo próximo de Putin, pode ficar fora da lista por ter a nacionalidade portuguesa.

"Sabemos que é possível que Abramovich possa escapar a sanções. Temos de considerar como é possível alterar esta situação", defende.

A embaixadora Inna Ohnivets pede ainda ajuda às autoridades portuguesas para saber do paradeiro de um cidadão ucraniano, um marinheiro que estava ao serviço de uma embarcação com bandeira portuguesa quando atracou num porto russo.

Esta quinta-feira, também à Renascença, durante o programa Hora da Verdade, o ministro dos Negócios Estrangeiros português admitiu não saber quantos oligarcas russos têm contas congeladas em Portugal.

Augusto Santos Silva atira para o Banco de Portugal a responsabilidade por essa contagem.


“Putin é um terrorista”

Nesta entrevista à Renascença, a embaixadora é dura quando fala do Presidente russo, Vladimir Putin.

“Eu diria que ele é terrorista. Ele disse que os ucranianos são fascistas, mas realmente ele é fascista”, acusa a diplomata ucraniana.

Inna Ohnivets defende que só as sanções económicas à Rússia não são suficientes. Diz que é preciso travar a máquina da propaganda de Moscovo.

“Por exemplo, hoje na Rússia, em todas as escolas, estão a ser organizadas campanhas informativas sobre a situação na Ucrânia e o Governo russo disse que na Ucrânia está a ser realizada uma campanha humanitária para libertar o povo ucranianos dos nazis, mas isso não é verdade porque não precisamos de nenhuma libertação. É necessário espalhar a informação justa sobre a situação na Ucrânia.”

Apesar da invasão russa à Ucrânia, a embaixadora Inna Ohnivets diz que o Governo de Kiev não altera o rumo: mantém que quer aderir à NATO e à União Europeia.

“Durante esta guerra a Ucrânia vai confirmar a sua decisão de aderir no futuro à União Europeia e à NATO. O povo ucranianos é muito corajoso e podemos ver as ações do nosso Presidente e do nosso Governo que estão a trabalhar na capital da Ucrânia, apesar do perigo.”

Nesta entrevista à jornalista Fátima Casanova, a embaixadora ucraniana em Portugal diz ainda que, nos próximos dias, devem chegar a Lisboa os primeiros refugiados ucranianos. À embaixada já chegaram uma centena de pedidos de ajuda.