Rui Rio. Contagem integral do tempo de serviço dos professores "é possível" numa legislatura
10-05-2019 - 08:47
 • ​​Marília Freitas​ , Miguel Coelho com Renascença

O líder do PSD reitera que o partido não aprovará "uma lei que não tenha qualquer travão financeiro", mas diz que "é possível reconhecer o tempo [de serviço dos professores] com relativamente pouco dinheiro.

O presidente do PSD considera que seria possível fazer a contagem integral do tempo de serviço dos professores no quadro da próxima legislatura e com um crescimento do PIB real de 2%, “mas não é tudo em dinheiro”.

“É possível negociar com os sindicatos numa base honesta e oferecer qualquer coisa de simpático para os professores. Tudo em dinheiro e relativamente rápido, não é possível. E esse é o travão que lá pomos”, diz Rui Rio em entrevista à Renascença.

Para o líder do PSD “é possível reconhecer o tempo com relativamente pouco dinheiro”. “O tempo não tem que ser reconhecido todo em dinheiro e em salário, pode ser em redução do horário de trabalho, em aposentação mais cedo para os professores que têm esse tempo acumulado”, exemplifica, acrescentando que essa lógica poderia ser aplicada a todas as carreiras especiais da função pública.

Contudo, uma proposta de lei de reconhecimento da contagem integral do tempo de serviço dos professores que não tenha qualquer travão financeiro, não será aprovada pelos sociais-democratas, porque, mais tarde ou mais cedo, surgiria "um problema orçamental grave”.

“O PSD votou a favor do reconhecimento dos nove anos e a seguir votou a favor do travão financeiro, ou seja, reconhece os nove anos, mas com este travão financeiro”, esclarece.

Rui Rio diz que não tem existido “silêncio e seriedade para ouvir as pessoas”. Para o líder social-democrata, a ameaça de demissão do primeiro-ministro provocou “uma histeria coletiva, uma selva completa, com as pessoas completamente enganadas por comentadores, por partidos, por tudo e mais alguma coisa”. “Eu penso que os portugueses neste momento não percebem nada”, acrescenta.

Na sua opinião faltou sentido de Estado a António Costa nesta questão. “Monta aqui um circo, cria instabilidade tremenda a propósito de nada, por objetivos meramente partidários”, afirma.

Questionado sobre se o PSD foi prejudicado nas intenções de voto por esta crise política, admite que, para já, não é possível saber. “Se com esta trapalhada consegue travar o crescimento que o PSD está a ter - pode ser verdade -, mas por outro lado consolidou ainda mais a imagem que ele de com facilidade fazer uns golpes”, diz.

Convidado no programa As Três da Manhã, numa semana em que são ouvidos os líderes partidários a propósito das eleições europeias, Rio garante que o acordo com o Governo sobre os fundos europeus ainda está válido, porque “reforça o peso negociar do Governo para conseguir mais fundos para Portugal”. “Eu acho isso preferível a pôr-me na sede do PSD aos gritos a dizer mal do primeiro-ministro por tudo e mais alguma coisa”, sentencia.

A Renascença entrevista esta semana os líderes partidários dos principais partidos concorrentes ao Parlamento Europeu. Pelo programa As Três da Manhã já passaram Assunção Cristas (CDS), Jerónimo de Sousa (PCP), Catarina Martins (BE) e André Silva (PAN).