O presidente da Associação dos Médicos de Saúde Pública, Ricardo Mexia, aponta falhas e incoerências à comunicação das autoridades sanitárias, considerando que isso explica a avaliação feita a Portugal pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças.
Este organismo coloca Portugal entre os países tendência preocupante de crescimento de casos de Covid-19, ainda que com risco moderado, e, em declarações à Renascença, Ricardo Mexia aponta as "mensagens incoerentes" que têm sido difundidas e a dificuldade em explicar porque é que determinadas atividades podem ocorrer e outras não".
Para este especialista, "isto sugere incerteza nas pessoas e, obviamente, leva a que haja uma maior dificuldade no cumprimento daquilo que lhes está a ser pedido".
Prova disso, diz Mexia, "é o facto de quase metade dos novos casos de infeção registados na segunda quinzena de agosto ser de origem familiar e isso tem de constituir uma mensagem muito forte para que as pessoas, nesses contextos onde, tendencialmente, costumam estar mais à vontade, continuem a ter particulares cautelas para evitar a disseminação da doença junto das pessoas mais próximas".
O problema, conclui o representante associativo dos Médicos de Saúde "está na comunicação a nível central e as coisas têm de ser mais claras e assertivas para que as pessoas entendam e cumpram aquilo que tem de ser feito".
A entidade europeia reconhece que o aumento de casos positivos do novo coronavírus é um problema verificado na generalidade dos estados-membros, o que, ainda assim, confirma que as medidas tomadas pelos governos nacionais para reduzir ou controlar a exposição à doença não foram suficientes.