Quantos ditados populares têm referências a animais?
11-12-2018 - 06:34
 • André Rodrigues , Paulo Teixeira (sonorização)

A discussão surgiu nos últimos dias com a proposta de uma plataforma internacional de direitos dos animais que quer banir as menções negativas aos animais dos provérbios populares.

Matar dois coelhos de uma cajadada só? Não, mais vale pregar dois pregos de uma martelada só. E pegar um touro pelos cornos? Nada disso. É melhor pegar uma flor pelos espinhos.

Quem não tem cão, caça com quê? Mais vale esquecer a caça. Quem tem medo, que se faça à vida porque com cão é que não. E quem tem um pássaro na mão, é melhor deixá-lo ir embora.

Vem isto a propósito do apoio do partido Pessoas, Animais e Natureza à substituição dos provérbios com animais por outros com o mesmo sentido que digam a mesma coisa, mas sem ofender os bichos.

A iniciativa original é da PETA, uma plataforma internacional que defende que "as palavras importam e, à medida que a nossa compreensão evolui, a nossa linguagem evolui com ela". Vai daí, os ativistas deste organismo decidiram pegar na formulação original dos provérbios e eliminar as alusões que sugiram maus tratos contra animais.

Em vez de "kill two birds with one stone" - matar dois pássaros com uma pedra, em português -, que tal "feed two birds with one scone" (dar dois scones a um pássaro)? Mas não dê muitos scones ao pássaro, que ainda lhe sobe o colesterol, dá-lhe uma coisa má e, em vez de morrer à pedrada, ainda lhe dá um colapso cardíaco.

Muitos destes ditados referem espécies distintas, mas querem dizer a mesma coisa: carapau de corrida é o mesmo que armado aos cágados, ou armado aos cucos. Armar-se em esperto, é o que é. E se for com os mais novos, já a formiga tem catarro.

Percorremos a lista das expressões do LuIz, um site que reúne de 300 provérbios e expressões que estamos habituados a ouvir por aí, e, com base nessa lista, decidimos calcular quantos ditados populares contêm animais em Portugal. Descobrimos que são bem mais do que aqueles que julgamos: mais de 40.

Um em cada quatro provérbios levam um burro. O burro entra em 12 dos mais de 40 ditados populares referentes a animais. É o burro 'a olhar para um palácio' (tal como o boi), 'a comer pão de ló', é 'três ao burro e o burro ao mesmo', é 'andar de burro' ou 'estar com o burro amarrado', que é o mesmo que dizer 'estar de trombas'.

Mas há mais provérbios, mais animais: 'estar às moscas', 'a cavalo dado não se olha o dente', 'dose de cavalo', 'cantar de galo', 'cada macaco no seu galho', 'lágrimas de crocodilo', 'cabecinha de atum', 'memória de peixe', 'águas de bacalhau' (bem a propósito para a quadra), 'lágrimas de crocodilo' ou, então 'levar uma lagosta'. Bem, isso é melhor não. Pode dar 'um bicho de sete cabeças'. E nós por cá gostamos pouco de confusões.