Atraso da Pfizer com vacina Covid dá dores de cabeça à UE e pode acabar em tribunal
20-01-2021 - 17:00
 • Reuters

Itália diz que vai decidir "nos próximos dias" que ações judiciais vai pôr em marcha contra a Pfizer e a BioNTech para "garantir a proteção dos cidadãos italianos".

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A farmacêutica norte-americana Pfizer está a ser alvo de duras críticas -- e pode vir a enfrentar processos judiciais -- pela sua decisão de atrasar o envio de doses da vacina contra a Covid-19 para os países da União Europeia (UE), que temem agora que as suas campanhas de vacinação fiquem em suspenso face a este atraso.

No final do ano passado, houve celebrações com a aprovação da vacina mRNA desenvolvida pela Pfizer em parceria com a BioNTech pela UE, o Reino Unido e os EUA -- em poucas semanas, já no início deste ano, deram lugar a ansiedade, à medida que o os países se apercebem que vacinar milhares de milhões de pessoas em todo o mundo é uma missão que estará repleta de obstáculos imprevisíveis.

Em Itália, o comissário especial para a Covid-19 está a ponderar avançar com uma ação judicial contra a Pfizer, após a norte-americana e a sua parceria alemã terem informado o país que iam reduzir a quantidade de doses da vacina em 29%.

Na Alemanha, o ministro da Saúde, Jens Spahn, mostrou-se desagradado com este imprevisto, com pelo menos um estado alemão forçado a adiar a abertura dos centros de vacinação como consequência do atraso -- o estado da Renânia do Norte-Vestfália, o mais populoso dos 16 estados alemães, com cerca de 18 milhões de habitantes.

A Suíça lamentou que o último carregamento de vacinas recebido fosse bastante inferior ao que esperava. Em Portugal, o Ministério da Saúde garantiu que a campanha de vacinação não será afetada pelos atrasos.

A Pfizer e a BioNTech anunciaram na semana passada que pretendem aumentar a produção de vacinas na Europa para garantir a entrega de muito mais doses no segundo trimestre mas que, para isso, têm de reduzir a produção numa fábrica em Puurs, na Bélgica. O objetivo, dizem as empresas, é retomar o calendário previsto a 25 de janeiro.

As garantias, contudo, parecem não confortar vários países da UE, como é o caso de Itália.

"Estamos a discutir que ações [judiciais] podemos iniciar para proteger os cidadãos italianos e a sua saúde pelas vias civis e criminais", adiantou esta quarta-feira o comissário italiano para a Covid-19, Domenico Arcuri. "Estas ações deverão ser iniciadas nos próximos dias", assegurou.