Apenas 43% dos portugueses conhecem os seus direitos quando compram online
13-11-2019 - 21:26
 • Beatriz Lopes

União Europeia e Deco Proteste apresentaram esta quarta-feira as tendências do consumo na internet.

As compras online continuam a ganhar terreno e conquistam cada vez mais portugueses, mas será que os consumidores sabem o que fazer quando algo corre mal? Tendo em conta o reduzido número de reclamações e da falta de confiança em fazer compras online, a União Europeia associou-se à Organização Europeia de Consumidores representada em Portugal pela Deco Proteste, no desenvolvimento da campanha “yourEUright- Estás no teu Direito”.

De acordo com os dados divulgados esta quarta-feira, 43% dos portugueses conhecem os seus direitos quando compram online, um valor abaixo da média europeia de 49%.

“Tem a ver com alguma resistência do ponto de vista de desconfiança. Não do ponto de vista de utilização digital porque nós temos uma penetração digital muito grande face à população, mas há alguma resistência. O que percebemos é que os consumidores pesquisam online, mas compram nas lojas físicas precisamente porque percebem que há ali um contacto, uma maior proximidade”, explica à Renascença Rita Rodrigues, porta-voz da Deco.

O mais recente estudo da UE revela ainda que apenas 36% dos portugueses sabem que podem cancelar uma compra online e 65% estão informados sobre o direito à reparação ou substituição de produtos defeituosos.

Cuidado com as fraudes com criptomoedas

De acordo com a Deco, este ano, já foram apresentadas em Portugal 1.450 reclamações no que diz respeito a compras online.

“Do total das queixas, 40% diz respeito a incumprimento de prazos ou a desconformidade das características do produto que muitas vezes não são as anunciadas. Depois, temos uma fatia mais pequena de 20% que diz respeito a marcações online de turismo, como viagens, hotéis ou casas de férias”, detalha a responsável.

Um dos problemas que tem vindo a agravar-se, refere a Deco, diz respeito a investimentos online. São cada vez mais os consumidores que são convidados a investir em projetos que muitas vezes são uma autêntica fraude.

“Dez por cento das reclamações diz respeito a investimento online, apesar de ser uma fatia mais pequena, começa a ser não só uma tendência, mas também uma preocupação. Existem muitas fraudes de sites que simplesmente não existem e que estão a retirar investimento aos consumidores portugueses para depois não dar rentabilidade nenhuma. Falo essencialmente de criptomoedas, sites que pedem determinado volume de investimento, mas depois desaparecem.”

Com a febre da “Black Friday” ou épocas festivas com o Natal à porta, a Deco deixa alguns conselhos e alertas aos consumidores portugueses: “acima de tudo que haja uma preparação, que se informem antes de comprar seja o que for, que conheçam todas as entidades que podem ajudar a resolver litígios, que pesquisem preços e recolham informação para comparar a qualidade e preços e também, claro, que conheçam políticas de compra e devolução”.

O desconhecimento dos direitos em compras online é motivo de preocupação para o secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor, João Torres que, apesar de reconhecer que Portugal tem feito um bom trabalho pela defesa do consumidor, alerta que há ainda um longo caminho a fazer.

“Um exemplo paradigmático disto é a questão da devolução de um produto em 14 dias após a entrega. Apenas dois em cada três consumidores sabe que há mecanismos de proteção”, alerta.

Nesse sentido, o Governo garante que tem trabalhado em algumas matérias fundamentais divulgando os mecanismos de resolução de litígios, melhorando a forma como são tratadas as queixas via livro de reclamações e dando continuidade às ações de sensibilização.