Nobel da Economia diz que "Portugal é uma espécie de milagre económico"
21-11-2023 - 08:27
 • Olímpia Mairos

Em entrevista ao Jornal de Negócios, Paul Krugman admite não perceber como Portugal se saiu tão bem, embora esteja convencido de que tanto o turismo como as exportações podem ter tido um importante papel.

O Nobel da Economia Paul Krugman considera que Portugal podia ser um caso de estudo, uma vez que ninguém percebeu muito bem o que aconteceu à economia portuguesa e o que explica o crescimento económico dos últimos anos.

"Portugal é uma espécie de milagre económico", diz Krugman numa entrevista ao Jornal de Negócios.

Paul Krugman admite não perceber como Portugal se saiu tão bem, embora esteja convencido de que tanto o turismo como as exportações podem ter tido um importante papel.

Lembrando que, ao contrário do que aconteceu em Espanha, a recuperação económica em Portugal foi feita sem desemprego elevado, desvalorização interna e queda dos custos, Krugman conclui que o caso português pode ser apontado como um caso de estudo.

O Prémio Nobel da Economia em 2008 deixa também um alerta para riscos na Europa, relacionados com a dívida de Itália. Se a Europa vai ter problemas, se vai haver uma recessão europeia, Portugal pode vir a sofrer com isso porque “é demasiado pequeno e está demasiado ligado”.

Abordando as elevadas taxas de juro, Krugman nota que “Portugal não está livre” do problema, mas que “pode ser algo que consiga ultrapassar”, uma vez que tem estado a crescer bem economicamente.

No plano da inflação, Paulo Krugman admite os erros de análise dos economistas e nota que a inflação acabou por ser transitória, ainda que demorando mais do que o esperado. No que diz respeito aos bancos centrais, o Nobel da Economia entende que têm “poucos instrumentos” além do aperto monetário que implementaram.

Segundo o economista norte-americano, a Europa teve azar por enfrentar um choque energético com a guerra na Ucrânia e isso ajuda a explicar a maior demora a sentir os efeitos da política monetária.

Paul Krugman acredita que a UE chegará ao mesmo ponto dos EUA, mas admite que a recessão é mais provável no Velho Continente, já que a economia está “mais fraca”.