Já todos ouviram falar da ferramenta de inteligência artificial ChatGPT, mesmo que nem todos saibam como funciona. Depois há aqueles que já usam esta ferramenta, mas limitam-se a digitar perguntas no computador, sem nenhum objetivo prático.
No livro “ChatGPT e Inteligência Artificial – Aplicações na era digital” (Actual), Fábio Hirota explica, numa linguagem simples, como pode explorar o potencial do ChatGPT, mesmo sem conhecimentos técnicos. Mostra que ele pode fazer muito mais do que criar texto, fornecer informação ou desenvolver códigos de programação.
Em declarações à Renascença, o autor não lhe chama um manual, prefere descrever este livro como “uma referência de dicas ou uma ferramenta” para melhorar a utilização do ChatGPT.
Fábio Hirota mostra que pode não ficar apenas pelas receitas, mas aprender também a cozinhar. O ChatGPT escreve poemas ou guiões, pode sugerir treinos de fitness, resolver equações de matemática, identificar e solucionar problemas ou ensinar línguas novas.
O autor apresenta ainda alternativas ao ChatGPT, gratuitas e pagas. Reserva um capítulo só para comparar a ferramenta desenvolvida pela Open AI com o grande rival, o BARD, lançado este ano pela Google.
Foram construídos com algoritmos diferentes. Para o autor, o ChatGPT é melhor para programação, por exemplo, enquanto o BARD se destaca na conversação e interação, porque utiliza informações mais atualizadas. Fábio Hirota não escolhe um preferido e acrescenta que “vai ser uma briga de gigantes”.
“As pessoas vão adaptar-se”
Nem tudo são rosas quando falamos de Inteligência Artificial. Fábio Hirota expõe também os limites destas tecnologias, ainda que muitos deverão ser ultrapassados no curto ou médio prazo.
Um dos pontos mais mediático é o impacto no mercado de trabalho e nos postos de trabalho. Ao permitir desenvolver entrevistas, criar slogans e logotipos, fazer traduções ou interpretar conteúdo jurídico, entre outras capacidades, está a enveredar pelas competências de diversas profissões, que agora se sentem ameaçadas.
Fábio Hirota relativiza esta ameaça, “acredita que as pessoas vão adaptar-se e vão começar a surgir novas profissões”.
A inteligência artificial com a robótica também vai permitir desenvolver o trabalho e eliminar determinados riscos em muitas profissões, como já está a acontecer em área tão distintas como a medicina ou a construção, lembra Fábio Hirota.
“É preciso tomar cuidado, IA pode tornar-se incontrolável”
Um dos grandes desafios do futuro é “garantir o bom uso desta tecnologia”.
Atualmente uma das críticas a este tipo de ferramentas é a forma como facilitam o plágio, o facto de se apropriarem de conteúdos de autor dispersos online, na produção de texto.
Para Fábio Hirota, esta não é a questão mais premente, até porque a mesma empresa que criou o ChatGPT “criou também outra ferramenta que valida que o conteúdo é gerado por uma inteligência artificial, as empresas já estão a ter esse cuidado, para que se identifiquem plágios”.
No entanto, o autor avisa que “é preciso tomar cuidado com a inteligência artificial, porque pode tornar-se incontrolável”, pode mesmo “tornar-se um grande problema para a humanidade”.
Em causa está a falta de regulamentação, que começa a ser cada vez mais discutida, inclusive pelos líderes empresariais à frente destas tecnologias, como Elon Musk.
Hoje, a mesma tecnologia pode ser criada para desenvolver experiências positivas com medicamentos ou criar drogas prejudiciais, por exemplo.
Outro caso é o da manipulação de imagens e vídeos, em que facilmente se coloca alguém a dizer ou fazer o que quisermos, com resultados cada vez mais realistas.
Tudo isto é trabalho da máquina com interação humana, mas ganha também expressão o debate sobre os limites da inteligência artificial e se algum dia irá ter consciência. Há quem defenda que este caminho já começou. O autor perguntou ao próprio ChatGPT.