Enfermeiros "às escuras" nesta fase da estratégia de vacinação
19-11-2021 - 23:03
 • João Malheiro

A Bastonária da Ordem dos Enfermeiros não tem dúvidas que o reforço da vacinação vai resultar numa "sobrecarga" para os profissionais de saúde, mas admite "total disponibilidade" para ajudar a combater a pandemia da Covid-19. E considera que as medidas antecipadas no Infarmed "fazem sentido neste momento"

A Bastonária da Ordem dos Enfermeiros afirma que estes profissionais de saúde "estão às escuras" no que toca a esta fase da estratégia do plano de vacinação contra a Covid-19 e critica falhas na comunicação com o Núcleo de Coordenação do Plano de Vacinação.

"Aquilo que notamos é que não há, da parte do Coronel Penha-Gonçalves, a mesma via de comunicação que existia com o vice-almirante Gouveia e Melo. Falávamos praticamente todos dias, agora não. Podem ser estilos diferentes", critca Ana Rita Cavaco, ouvida pela Renascença.

"Quando não existe uma comunicação eficaz entre quem lidera uma cadeia de comando e aqueles que têm de executar e organizar os serviços, é um problema. É péssimo", acrescenta.

A Bastonária da Ordem dos Enfermeiros exemplifica que, no caso da vacinação a partir dos cinco anos, a DGS não pediu uma pronúncia por escrito antes de avançar com a medida, como era habitual "em fases anteriores".

Ana Rita Cavaco acredita que a mudança de atitude na comunicação entre a coordenação do plano de vacinação é, também, "fruto do processo eleitoral do que o país vive neste momento".

Reforço de vacinação trará "sobrecarga" aos enfermeiros

O alargamento da população elegível para dose de reforço contra a Covid-19 vai exigir a disponibilização de mais meios no terreno, alertou esta sexta-feira o responsável pelo Núcleo de Coordenação do Plano de Vacinação, coronel Carlos Penha-Gonçalves.

A Bastonária da Ordem dos Enfermeiros não tem dúvidas que este reforço vai resultar numa "sobrecarga" para os profissionais de saúde, mas admite "total disponibilidade" para ajudar a combater a pandemia da Covid-19.

"Fizemos listas de enfermeiros disponíveis, quer após o seu horário de trabalho, quer desempregados, que podem ajudar na vacinação", refere.

Ana Rita Cavaco aponta críticas à gestão dos últimos meses do plano de vacinação, defendendo que alguns centros de vacinação "foram fechados precocemente" e que, agora, "devem voltar a reabrir".

"A gestão da pandemia tem sido feito pelo Governo, sem nenhuma estratégia a médio-longo prazo. Navega à vista, governa para o dia a dia. A Ordem tinha proposto que não se desativassem todos os centros de vacinação e, felizmente, mantiveram grande parte abertos", aponta, à Renascença.

Medidas antecipadas no Infarmed "fazem sentido neste momento"

A Bastonária considera que as medidas de contenção da pandemia foram levantadas de forma "repentina" e que devia ter havido um alívio "não tão rápido".

Nesta perspetiva, Ana Rita Cavaco considera que as ideias preconizadas esta sexta-feira, na reunião do Infarmed, "fazem todo o sentido, neste momento".

"São adequadas, porque as pessoas infetadas precisam de cuidados. E os cuidados são prestados por enfermeiros que já estão sobrecarregados", defende.

"E nós continuamos com uma taxa de enfermeiros baixíssima", acrescenta.