Na passada sexta-feira, 2 de agosto, os números do emprego nos Estados Unidos ficaram bastante aquém das expectativas. Mas a taxa de desemprego, em relação à qual a Reserva Federal (Fed), banco central dos EUA, tem responsabilidades estatutárias, subiu para 4,3% da população ativa, um número pouco assustador.
No mesmo dia, mas mais cedo (devido a diferentes zonas horárias), o Japão sofreu uma forte queda bolsista, que logo se transmitiu a outras bolsas na Ásia.
Tanto bastou para desencadear movimentos de pânico em inúmeras bolsas mundiais, em particular nos EUA. A crise bolsista, a mais importante desde a falência do Crédit Suisse, atravessou o fim de semana, mas na terça-feira o mercado já estava mais calmo.
Nas muitas intervenções de personalidades ligadas ao mercado de ações não vi uma possível, mas banal, explicação do susto bolsista: as ações desceram provavelmente porque, antes, tinham subido demasiado, nomeadamente nos EUA. Agora corrigiram, como se diz na gíria bolsista, o que é saudável.
Multiplicaram-se as acusações contra a Reserva Federal, por ainda não ter descido os seus juros, que subira para combater a inflação. O Banco Central Europeu (BCE) já o tinha feito. A Reserva Federal apressou-se a dizer que estava a preparar uma descida dos seus juros.
Alguns investidores mais nervosos queriam, mesmo, que a Fed baixasse os seus juros já, numa decisão nada habitual, o que poderia criar alarme no mercado em vez de acalmar os apostadores bolsistas. A Fed irá certamente baixar os seus juros em setembro. Talvez um pouco tarde: o prémio Nobel Paul Krugman afirmou no New York Times que foi um erro a Fed não ter baixado os seus juros na semana anterior ao “susto”.
Uma coisa é agora praticamente certa: o BCE irá descer os seus juros na próxima reunião, em 12 de setembro.