Cavaco Silva acusa Governo de "tributar tudo o que mexe"
14-05-2021 - 17:05
 • Renascença com Lusa

Antigo primeiro-ministro e Presidente da República diz que o PS rege-se "pelos princípios da ilusão fiscal e da dispersão", de forma a alimentar o “monstro” da despesa pública.

O ex-primeiro-ministro Cavaco Silva faz duras críticas à política económica do atual Governo por criar “impostos adicionais” sobre “tudo o que mexe” para alimentar “o monstro” da despesa pública, num "podcast" divulgado esta sexta-feira.

“Como se costuma dizer, o governo tributa ‘tudo o que mexe’", ironizou o antigo primeiro-ministro e Presidente da República, numa entrevista ao podcast “Défice de Atenção”, de estudantes do Católica Lisbon Economics Club.

Na opinião de Cavaco Silva, o Governo português "rege-se pelos princípios da ilusão fiscal e da dispersão".

“Nesse sentido, criou uma multiplicidade de impostos adicionais, derramas, taxas que não são taxas tudo de modo a que os cidadãos não se apercebam que estão a ser tributados e assim obter receitas para financiar o ‘monstro’”, afirmou.

Cavaco alertou, ainda, que “Portugal corre o risco de continuar a ser ultrapassado em nível de desenvolvimento pelos países de Leste Europeu” e ser “a lanterna vermelha” da zona euro por não fazer reformas para estimular a competitividade e produtividade das empresas.

Sistema fiscal não inspira confiança lá fora


Passados 21 anos de ter usado pela primeira vez a imagem num artigo publicado no "DN", em 2000, quando o Governo era também do PS, com António Guterres, Cavaco retoma “o monstro”. Agora aplicado ao executivo socialista de António Costa, que também critica por falhar “e continuar a falhar pela ausência de reformas” para o “aumento da produtividade e da competitividade externa das empresas”.

Para o antigo primeiro-ministro, Costa “criou uma multiplicidade de impostos adicionais, derramas, taxas que não são taxas, tudo de modo a que os cidadãos não se apercebam que estão a ser tributados e assim obter receitas para financiar o ‘monstro’".

O sistema fiscal “não é transparente, não é competitivo e não é estável” e está “sujeito a variações arbitrárias por parte dos decisores políticos”. A justiça “é pouco eficaz e impera a incerteza jurídica” e a “burocracia é desesperante e desencoraja os investidores”.

“O governo da geringonça, ou melhor, os governos da geringonça, têm projetado a imagem de que o poder político interfere na vida das empresas e têm projetado a imagem de que Portugal, o governo português, é hostil em relação às grandes empresas”, acrescentou.