​O acolhimento aos imigrantes
14-08-2018 - 06:17

A ideia de que os portugueses não são racistas é uma ilusão perigosa, pois poderá levar-nos a desleixar o combate aos adversários da imigração.

A peregrinação a Fátima de 12 e 13 do corrente mês visou, sobretudo, o drama humanitário dos imigrantes e refugiados. Nada mais oportuno. É que, em Portugal, ainda não foi muito sentido esse drama. Mas a Espanha já se tornou no país europeu que, atualmente, maior número de migrantes recebe. Ontem o governo espanhol recusou receber um navio que na sexta-feira resgatou frente à costa da Líbia e agora transporta 141 migrantes. Mais tarde ou mais cedo Portugal irá receber mais imigrantes e refugiados.

A diretora da Obra Católica Portuguesa de Migrações, Eugénia Quaresma, salientou que “a Igreja tem de dar uma resposta, pois temos valores humanistas”. Por isso é preciso “trabalhar o cidadão para que reconheça que tem a seu lado uma pessoa com direitos”. Felizmente não existem em Portugal forças políticas significativas que cultivem o ódio ao imigrante e ao refugiado. Ainda não – porque não podemos excluir que essa sinistra tendência se faça sentir também entre nós.

Já todos percebemos que a ideia de que o português não é racista não passa de uma ilusão perigosa. E perigosa porque poderá levar-nos a desleixar o combate aos extremismos hostis à imigração. É verdade que o relativamente pequeno número de refugiados que vieram para o nosso país se sentiram, em geral, bem acolhidos pela população – mas não pelas entidades oficiais e as suas burocracias.

O desemprego tem baixado muito no país, o que é uma boa notícia. E empresas de vários sectores, incluindo o próprio turismo, queixam-se de que têm falta de mão-de-obra. Por isso Portugal precisa de imigrantes.

Mas o imperativo de acolher com humanidade esse “exército de pobres” que são os imigrantes e os refugiados, nas palavras do cardeal D. António Marto, é, antes de mais, de ordem ética. Se é que queremos ser fieis à nossa própria cultura, de raiz e inspiração cristãs.


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