António Costa em entrevista: “Não vai nascer um banco mau”
04-04-2017 - 09:51
 • João Carlos Malta Vídeos: Bárbara Afonso e Teresa Abecasis

Em relação ao sistema financeiro, o primeiro-ministro garante que "não vivemos na Alice no País das Maravilhas". Mas há um ano a situação era "muito grave" e já não é, defendeu.

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O primeiro-ministro, António Costa, garantiu esta terça-feira em entrevista à Renascença que não irá nascer um banco "mau" para resolver o problema do crédito malparado que existe no sistema financeiro em Portugal.

“Não vai nascer nenhum banco mau”, explicitou. António Costa referiu que todos os relatórios internacionais revelam que Portugal tem um problema com o crédito malparado, mas que ele nunca defendeu “a expressão banco mau".

Costa crê que Portugal necessita de uma instituição especializada em recuperação de crédito que valorize os activos e que “não os faça serem tratados como lixo” como tem sucedido.

Nesta entrevista, Costa deixa ainda uma crítica ao executivo anterior e ao programa de assistência, que vigorou em Portugal entre 2012 e 2014, e que não teve o sistema financeiro como prioridade. “Os problemas foram adiados para depois da saída limpa”, frisou.

O primeiro-ministro elogiou ainda o trabalho do Governo na área da banca que diz que tem resolvido os problemas que vinham do passado, nomeando a Caixa Geral de Depósitos, o BPI, o Banif, o BCP e o Novo Banco.

Novo Banco. Risco dos contribuintes limitado

Em relação à venda do Novo Banco, argumentou que a solução final foi a possível e classifica-a de equilibrada.

Costa disse que seria preferível o Estado não ter participação (é de 25%), mas essa foi uma exigência do comprador, o fundo norte-americano Lone Star. “O comprador queria lá o Estado, que credibiliza o banco e a solução. Através do Fundo de Resolução, o Estado pode beneficiar de uma possível valorização”, disse o primeiro-ministro.

O risco de perdas do Estado, segundo o governante, está limitado. O primeiro-ministro quantificou em 3,8 mil milhões o valor dos activos sobre o qual o Estado assume o risco.

“O Fundo de Resolução fica com a gestão desses riscos. Na generalidade desses créditos têm sido cumpridos. A seguradora pode ser alienada com mais-valias. E os 25%, a prazo, podem ser valorizados”, explicitou Costa, invocando uma conversa com o presidente do Novo Banco, António Ramalho.

Referiu ainda que o Novo Banco não era neste momento um banco qualquer. “Se o banco não fosse vendido até Agosto era liquidado”, respondeu.

O cenário da liquidação também foi afastado pelo Governo porque obrigaria a uma injecção de capital entre quatro mil milhões e 4,7 mil milhões, no imediato.

Aos que defendem o risco de ficar com 25%, Costa responde: “E o que seria ficar com 75%?”

Para finalizar a temática da banca, Costa sintetizou. “Não vivemos na Alice no País das Maravilhas. Há um ano estávamos numa situação muito grave. Ao longo deste ano fomos melhorando."