"Não seremos chantageados" pela Rússia, diz ministro alemão das Finanças
30-04-2022 - 15:47
 • Lusa

Moscovo ordenou recentemente o corte de fornecimento de gás à Polónia e à Bulgária, por aqueles países se terem recusado a fazer os pagamentos na moeda russa.

O ministro alemão das Finanças, Christian Lindner, diz que o Governo não se deixará chantagear pela Rússia, relativamente ao pagamento em rublos pelo fornecimento de gás, e sublinhou necessidade de acabar com dependência energética de Moscovo.

"Não. Não seremos chantageados", respondeu desta forma Christian Lindner, em entrevista ao jornal Mannheimer Morgen, quando questionado se a Alemanha deve pagar o gás em rublos em caso de emergência e, assim, responder à exigência de Vladimir Putin.

Moscovo ordenou recentemente o corte de fornecimento de gás à Polónia e à Bulgária, por aqueles países se terem recusado a fazer os pagamentos na moeda russa.

Questionado sobre a possibilidade de a Rússia fazer o mesmo à Alemanha, o ministro das Finanças realçou a importância de o país liderado por Olaf Scholz se tornar "independente" no que diz respeito à energia, "o mais rápido possível".

"Continuamos a pagar com base em contratos de fornecimento de gás em euros e dólares. Mas, neste momento, quem pode descartar alguma coisa quando se trata de Vladimir Putin?", apontou o governante alemão.

O ministro liberal excluiu taxativamente realizar as transferências em rublos e recusou-se a alimentar "cenários catastróficos".

"É impensável que a casa da avó fique sem aquecimento", afirmou, defendendo que, por isso, é necessário evitar que se chegue a uma situação em que seja preciso ponderar as necessidades de gás das famílias em relação às da indústria.

Christian Lindner também foi a favor da postura cautelosa do chanceler Olaf Scholz sobre o envio de armas para a Ucrânia, que descreveu como "correta", tendo em conta os riscos, e defendeu uma atuação coordenada com os países aliados da Alemanha.

"Estamos a lidar com a potência nuclear russa, por isso é essencial coordenar com as potências nucleares França e Estados Unidos", defendeu.

Lindner também defendeu medidas de alívio fiscal para os contribuintes, para diminuir o impacto da inflação e adiantou que, no outono, vai apresentar propostas adicionais nesse sentido.