Centenas de pessoas no último adeus a Agustina Bessa-Luís
04-06-2019 - 17:45
 • Agência Lusa

Missa de corpo presente na Sé Catedral do Porto durou cerca de uma hora e foi presidida por D. Manuel Linda.

Cerca de duas centenas de pessoas, entre familiares, amigos e governantes, marcaram presença, na Sé Catedral do Porto, nas cerimónias fúnebres de homenagem à escritora Agustina Bessa-Luís, que morreu na segunda-feira, aos 96 anos.

A missa de corpo presente teve início cerca das 16h00 desta terça-feira, dia de luto nacional, e demorou aproximadamente uma hora, tendo sido presidida pelo bispo do Porto, D. Manuel Linda, na presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e da ministra da Cultura, Graça Fonseca.

Numa homilia emotiva, na qual recordou passagens marcantes da obra de Agustina Bessa-Luís e descreveu a religiosidade da escritora natural de Vila Meã, Amarante, Manuel Linda acabou com agradecimentos.

"Obrigado meu Deus que nos deste uma pessoa com tão alta categoria intelectual, religiosa e cristã, e obrigada Agustina por esta extraordinária lição de teologia que a tua vida acabou por nos dar", disse o bispo do Porto.

Manuel Linda referiu que "a condição humana" é uma das "marcas" da "vastíssima obra literária" de Agustina Bessa-Luís, sobre a qual disse saber que "se prostrava muitas vezes sobre um oratório que tinha em casa".

As cerimónias fúnebres de homenagem a Agustina Bessa-Luís terminaram com o caixão a sair da Sé Catedral, cerca das 17:15, debaixo de um coro de aplausos e sob o olhar concentrado de Marcelo Rebelo de Sousa, ladeado pelo presidente da Câmara portuense, o independente Rui Moreira.

O cortejo fúnebre seguirá para o cemitério do Peso da Régua, onde se realizará o funeral da escritora, numa cerimónia reservada à família.

Agustina Bessa-Luís, que morreu na segunda-feira, no Porto, aos 96 anos, nasceu em 15 de outubro de 1922, em Vila Meã, Amarante.

O nome da escritora, que se estreou nas Letras com o romance "Mundo Fechado", em 1948, destacou-se em 1954, com a publicação de "A Sibila", obra que lhe valeu os prémios Delfim Guimarães e Eça de Queiroz.

Agustina recebeu também, por duas vezes, o Grande Prémio de Romance e Novela, da Associação Portuguesa de Escritores, a primeira, em 1983, pela obra "Os Meninos de Ouro", e, depois, em 2001, por "O Princípio da Incerteza I - Joia de Família".

A escritora foi distinguida pela totalidade da sua obra com o Prémio Adelaide Ristori, do Centro Cultural Italiano de Roma, em 1975, e com o Prémio Eduardo Lourenço, em 2015.

Em 2004 recebeu o Prémio Camões e o Prémio Vergílio Ferreira.