Escândalos bancários
25-05-2017 - 07:41

A banca, um sector outrora considerado próspero e sólido, começou a cair com o caso BPN.

Ao fim de seis anos, foi ontem lida a sentença de primeira instância sobre o caso BPN. Seguem-se os recursos, ou seja, mais alguns anos.

O BPN saiu caríssimo aos contribuintes portugueses (cerca de 7 mil milhões de euros, calcula-se). Em 2008 foi nacionalizado pelo então ministro das Finanças, Teixeira dos Santos.

Na altura concordei com a decisão e entretanto não mudei de ideias. Não sendo um grande banco, o BPN tinha mais de 200 agências espalhadas pelo país. O seu colapso poderia gerar um perigoso pânico, com uma corrida ao levantamento de depósitos neste e noutros bancos. Teixeira dos Santos não quis correr esse risco e fez bem. Hoje é fácil criticá-lo, pois é como fazer prognósticos no fim do jogo.

Depois da nacionalização passou muito tempo e os prejuízos do BPN cresceram. O processo de venda do banco iniciou-se em 2009, mas só em 2011 e à terceira tentativa o BPN foi vendido ao BIC por um preço simbólico (40 milhões de euros). Mas uma avaliação séria da decisão de o nacionalizar tem que tomar em conta as circunstâncias do momento em que ela foi tomada.

Infelizmente, o BPN não foi o único escândalo bancário em Portugal. Recordem-se os casos do BPN, do BCP (que esteve perto de ser destruído por uma luta pelo poder, com interferências políticas), do Banif, da Caixa Geral de Depósitos (com os seus prejuízos e a decorrente necessidade de ser recapitalizado várias vezes com dinheiro dos contribuintes) e sobretudo do terramoto que foi e ainda é o fim do BES e do grupo familiar a ele ligado.

Não surpreende, assim, que quase todos os bancos comerciais que hoje operam em Portugal sejam comandados por capital estrangeiro – o que, aliás, julgo constituir a razão decisiva para manter o Estado como único dono da CGD.