Guterres "muito perturbado" com ataque israelita à comunicação social em Gaza
17-05-2021 - 20:30
 • Lusa

"É evidente que os jornalistas que operam em Gaza devem poder fazê-lo sem receio de assédio e de destruição dos seus escritórios", disse o porta-voz de Guterres, Stephane Dujarric, numa conferência de imprensa.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, está a encarar com muita preocupação os ataques que visaram nos últimos dias a comunicação social presente em Gaza, nomeadamente a destruição das instalações da agência Associated Press (AP), foi divulgado esta segunda-feira.

No sábado, as forças israelitas bombardearam e destruíram um edifício que albergava na Faixa de Gaza os escritórios da agência de notícias AP e de outros órgãos de comunicação social, entre eles o serviço em inglês do canal Al-Jazeera.

O ataque aconteceu uma hora depois de os militares terem avisado o proprietário que iam atacar o edifício, ordenando a sua evacuação.

"O secretário-geral ficou muito perturbado ao ver a destruição do edifício. É evidente que os jornalistas que operam em Gaza devem poder fazê-lo sem receio de assédio e de destruição dos seus escritórios", disse o porta-voz de Guterres, Stephane Dujarric, numa conferência de imprensa.

O porta-voz afirmou não dispor, neste momento, de informações adicionais sobre o incidente, mas frisou ser "muito importante esclarecer" os factos e "o que aconteceu exatamente".

Questionado sobre informações publicadas pela organização Repórteres sem Fronteiras que indicam que um total de 23 escritórios de 'media' internacionais e locais foram já destruídos, Stephane Dujarric declarou que essa situação também deve ser investigada.

"Nada deve ser feito para impedir os jornalistas de fazerem o seu trabalho", reforçou.

Na mesma conferência de imprensa, Stephane Dujarric avançou com dados atualizados sobre os deslocamentos forçados na sequência da recente escalada do conflito israelo-palestiniano.

Até ao momento, os confrontos entre as forças israelitas e o movimento radical islâmico Hamas, que entraram na segunda semana, já obrigaram ao deslocamento forçado de cerca de 38.000 palestinianos e já provocaram mais de 2.500 desalojados.

Os atuais combates entre israelitas e palestinianos são considerados os mais graves desde 2014.

Desde 10 de maio, a nova escalada no conflito israelo-palestiniano já provocou a morte de 200 palestinianos, incluindo 59 menores, e mais de 1.300 feridos na Faixa de Gaza, enclave palestiniano controlado pelo movimento radical islâmico Hamas desde 2007 e sob bloqueio israelita há mais de uma década.

No domingo, 42 palestinianos, incluindo pelo menos oito menores e dois médicos, foram mortos durante as manobras ofensivas das forças israelitas.

Tratou-se do balanço diário mais grave desde o início desta nova vaga de confrontos, segundo o Ministério da Saúde local.

Do lado israelita, pelo menos 10 pessoas foram mortas, incluindo uma criança, e outras 294 sofreram ferimentos na sequência do lançamento de foguetes e de mísseis a partir da Faixa de Gaza.