Caparica. Há utentes que deixam de ir à consulta porque não conseguem subir escadas
24-11-2021 - 08:08
 • João Cunha

Os elevadores estão constantemente avariados. Junta de freguesia e paróquia local já sugeriram uma solução provisória, mas ainda não obtiveram resposta. À Renascença, ARS de Lisboa e Vale do Tejo diz que é preciso um elevador novo.

É num segundo e terceiro andares de um edifício sem elevador – desta última vez, desde o dia 22 de outubro – que funciona a Unidade de Saúde Familiar (USF) Costa do Mar, mais conhecida como Centro de Saúde da Costa da Caparica.

Há dezenas de utentes, sobretudo idosos e pessoas com comorbilidades, que não conseguem ir às consultas, porque não conseguem subir as escadas

Isabel Oliveira, que vive nas proximidades, diz que costuma ver “muitos utentes com bastante idade” à porta do centro. “Sem elevador, é impossível aceder lá acima pelas escadas”, conclui.

Fátima Cardoso ainda consegue subir as escadas. Com um ar cansado, sai do centro de saúde, onde foi apenas entregar uns exames à médica de família. Em maio, esteve neste centro, numa consulta com a mãe, de 88 anos.

“O elevador estava avariado. Com um problema nas pernas, a minha mãe não conseguiu subir. A médica atendeu-a numa sala de arrumos do rés-do-chão”, conta à Renascença.

Não se justifica a constante avaria no elevador. De braço dado com a mulher, Manuel Espinha – também ele utente deste centro – considera fundamental o arranjo do elevador.

“Mesmo que seja caro, as pessoas têm direito a isso. É para isso que pagam os seus impostos e têm direito à saúde. Isso é da Constituição”, remata Manuel Espinha.

Solução proposta ainda não teve resposta

“Ora arranja, ora avaria. Ora arranja, ora avaria”. José Ricardo Martins, presidente da Junta de Freguesia da Costa da Caparica, resume assim o que se tem verificado desde maio de 2018.

"O edifício tem alguns anos, pertencia à Casa dos Pescadores e o ACES [Agrupamento de Centros de Saúde] tem mandado arranjar muitas vezes este elevador”. Mas o problema é que já não está adequado à utilização do centro de saúde.

"É um elevador doméstico, que já não tem capacidade para fazer tantas elevações como faz", lamenta o autarca.

Por isso, está constantemente avariado. A Junta e a paróquia de Nossa Senhora da Conceição avançaram com uma solução, disponibilizando duas salas térreas – porque o centro paroquial também utiliza o edifício – “para que, sobretudo, os idosos e os que têm comorbilidades maiores não tenham que subir aquelas escadas”.

“Isso foi proposto ao ACES, mas não houve até agora resposta”, explica José Ricardo Martins.

ARS Lisboa e Vale do Tejo garante novo elevador

Face ao problema, há muito conhecido pelas autoridades regionais de saúde, a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo garante, em nota enviada à Renascença, que está a envidar todos os esforços para solucionar este constrangimento.

E que, após uma avaliação ao elevador existente, se concluiu que a melhor solução passa por instalar um ascensor novo, tão breve quanto possível. Sem, contudo, avançar com datas.

Até que o novo ascensor seja uma realidade, lá continua uma cadeira, em cada patamar das escadas de acesso ao segundo andar deste edifício, onde os mais velhos se sentam, fazem uma pausa, descansam. E ganham força para mais um lanço de escadas.