Marcelo avisou, Costa respondeu: Governo "não fala", mas "resolve problemas"
05-10-2022 - 14:37
 • Tomás Anjinho Chagas

O chefe de Governo garante que o Executivo "está atento aos problemas" do país, afastando o cenário de recessão e dizendo que Portugal vai continuar a crescer.

É uma resposta direta aos recados deixados por Marcelo Rebelo de Sousa. No discurso feito a propósito das cerimónias do 5 de outubro, o Presidente da República afirmou que “erros, omissões, incompetências, ineficácias da democracia a fragilizam e a matam”, numa mensagem que pode ser entendida como avisos à governação após os vários casos que têm orbitado o Executivo nas últimas semanas.

António Costa não tardou, e respondeu logo depois de terminar a cerimónia. Entende que Marcelo é “a voz dos portugueses que não têm voz” e a sua função é “expressar as suas preocupações e angústias”. Por oposição, Costa define que ao Governo cabe “estar atento ao que acontece” e depois “resolver problemas”, numa declaração feita em frente à varanda da Câmara Municipal de Lisboa, que também já governou.

Nós não falamos. Agimos, fazemos e resolvemos”, atira o chefe de Governo. São palavras que podem ser lidas como uma resposta de São Bento a Belém, depois dos vários avisos deixados por Marcelo Rebelo de Sousa a António Costa.

Para o Primeiro-ministro, cada órgão tem as suas “funções”, e António Costa garante que o Governo “está atento” aos problemas que atingem Portugal, e nomeia-os: pandemia, guerra e a “inflação duríssima”.

Mais uma resposta: o cenário macroeconómico "com crescimento"

É uma exigência que tem vindo a ser feita nas últimas semanas por Belém: apresentar aos portugueses os cenários macroeconómicos que servem de base ao Orçamento do Estado, que está em vias de ser apresentado.

António Costa tem vindo a adiar esse esclarecimento e até já tinha dito aos jornalistas que "o Presidente conhece o calendário", remetendo mais informações para o dia 10 de outubro. Mas apesar de esta quarta-feira, voltar a dizer que quer "respeitar os calendários", António Costa acabou por adiantar algumas previsões e responder ao pedido feito em Belém.

Afirma que Portugal vai ter "um crescimento ajustado àquilo que é a evolução da zona euro". Mais concretamente, o chefe de Governo revela que o país "não vai ter crescimentos" como os que tem tido (na casa dos 6%), mas que também não vai entrar em recessão.

"Não vamos ter crescimentos nessa ordem, nem nada que se pareça, mas é um cenário em que podemos ter confiança que o país vai continuar a crescer, acima da média europeia. E portanto a aproximar-se dos países mais desenvolvidos da União Europeia", prevê António Costa.