Patrícia Sampaio falha acesso à final de judo e vai lutar pelo bronze
01-08-2024 - 14:56
 • Hugo Tavares da Silva

A portuguesa vai agora disputar a última vaga do pódio contra a japonesa Rika Takayama.

A judoca Patrícia Sampaio perdeu a semifinal olímpica de judo na categoria -78kg diante de Alice Bellandi, a líder mundial.

A portuguesa vai agora disputar a medalha de bronze contra a japonesa Rika Takayama, que venceu a partida de repescagem contra a neerlandesa Guusje Steenhuis.

A atleta italiana cedo encontrou caminho para um waza-ari, o que lhe permitiu estar no controlo do combate durante largos segundos. Sampaio evitou ir ao chão. A italiana ia fugindo das mãos lusitanas que lhe queriam agarrar a farda. Bellandi tentou queimar alguns segundos junto do tatami.

Lá atrás, o irmão Igor, o treinador, berrava e pedia falta de competitividade da italiana. Os segundos, quando as judocas se embrulhavam no tapete, pareciam passar mais rápido. À nona vez que se defrontaram, Bellandi ganhou pela nona vez.

A caminhada olímpica

A atleta da Sociedade Filarmónica Gualdim Pais está a ter um percurso mágico nos tatamis parisienses, apesar da derrota nas meias-finais. Primeiro, despachou a queniana Zeddy Cherotich. Só precisou de 20 segundos. A seguir, enganou a vice-campeã olímpica Madeleine Malonga, a seis do mundo. Também não precisou de muito tempo. Foram somente 57 segundos para quebrar a adversária.

A segunda viagem a uns Jogos Olímpicos desta senhora de Tomar, depois de Tóquio (13.º na mesma categoria), está a revelar-se um autêntico conto de fadas, na ausência de dias felizes para a comitiva portuguesa, quem sabe com exceção para uma quarta-feira mágica, a 31 de julho, quando Vasco Vilaça, Ricardo Batista e Inês Barros garantiram os diplomas olímpicos.

Esta quinta-feira, diante da quinta do ranking mundial, Sampaio bateu Zhenzhao Ma via ippon, alcançando assim a semifinal do torneio. Antes de entrar no tatami, assim que ouviu o seu nome, rugiu para o espaço vazio. Quando lhe confirmaram o ippon, fez o mesmo, como se fosse um leão com pressa para algo mais. A seguir, caminhou com uma certeza no pisar que indicava convicção. São 176 centímetros e 80 quilos de certezas.

Em entrevista ao site oficial dos Jogos, em abril, Patrícia Sampaio admitiu que nem sempre foi assim e que tinha propensão para as lesões e que lidava mal com isso. Ficava frustrada por ver os outros a competirem e ela quietinha, à espera que o corpo se lembrasse de quem era.

E foi nesses entretantos e nessas hesitações da alma que procurou uma psicóloga. Os altos e baixos já não têm a mesma forma e textura. “[Trata-se de] encontrar felicidade num momento de infelicidade, que é o da lesão…”

No fundo, descobriu a forma de ser o poema que mais aprecia, ou pelo menos a frase inspiradora que escolheu para o seu perfil no site do Comité Olímpico Português.

“It matters not how strait the gate, How charged with punishments the scroll, I am the master of my fate, I am the captain of my soul”, escreveu há muito tempo o senhor William Ernest Henley.

Agora, é nessas palavras que Patrícia Sampaio se vai agigantando nos tapetes de Paris e vai lutar pela medalha de bronze