​Tancos. Costa desconhece documento que ex-chefe de gabinete do ministro entregou no DCIAP
10-10-2018 - 16:48

Primeiro-ministro acrescenta que o ministro da Defesa também "não tinha conhecimento".

O primeiro-ministro afirmou esta quarta-feira desconhecer o documento que o ex-chefe de gabinete do ministro da Defesa, general Martins Pereira, entregou no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) e acrescentou que Azeredo Lopes também não tinha conhecimento.

"Não tenho conhecimento do documento entregue hoje no DCIAP", disse António Costa, em resposta ao líder parlamentar do PSD, Fernando Negrão, no debate quinzenal com o primeiro-ministro, no parlamento, em Lisboa.

Questionado depois sobre se o ministro Azeredo Lopes tinha conhecimento do documento, o primeiro-ministro acrescentou: "a informação que tenho é que não tinha conhecimento".

Em declarações à RTP, o tenente-general Martins Pereira, ex-chefe de gabinete do ministro da Defesa e atual adjunto do Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas para o Planeamento e Coordenação, disse que o seu advogado entregou hoje no DCIAP a "documentação verdadeira".

"A documentação verdadeira foi entregue hoje no início da tarde, no DCIAP, pelos serviços do meu advogado", disse Martins Pereira, citado pela RTP.

Face ao esclarecimento do primeiro-ministro, Fernando Negrão considerou "muito estranho que um chefe de gabinete não transmita uma informação desta importância" ao ministro.

Dirigindo-se ao deputado do PSD, António Costa admitiu estar "verdadeiramente curioso" sobre a opinião de Fernando Negrão em relação ao documento, questionando: "não querendo eu acreditar que teve acesso a documentos em segredo de justiça, como sabe se o documento é importante ou não é importante?".

"O que é que sabe que não nos quer contar? Um dia todos haveremos de saber o que é que cada um sabia sobre esta história", disse o primeiro-ministro.

À RTP, Martins Pereira disse que o documento que entregou ao DCIAP se refere à operação de recuperação do material roubado em Tancos e que lhe foi entregue pelo ex-porta-voz da Polícia Judiciária Militar, major Vasco Brazão, e pelo coronel Luís Vieira, ex-diretor daquela polícia, numa reunião no seu gabinete.

No passado dia 04, Martins Pereira admitiu à Lusa o encontro com os dois militares em novembro passado. Sem se referir a qualquer documento, acrescentou que nunca "descortinou" qualquer facto que indiciasse irregularidade ou indicação de encobrimento dos culpados do furto de Tancos.