Onde pára o plano para as urgências?
29-03-2023 - 23:20
 • Anabela Góis

No Explicador Renascença desta quarta-feira falamos das urgências de obstetrícia e ginecologia.

Afinal, e ao contrário do que se previa, na região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT) fica tudo como está, por mais dois meses, com as urgências a abrirem de forma alternada em vários hospitais à noite, ao fim de semana e nos feriados.

Até ao final de maio vão manter-se os condicionamentos em nove maternidades e urgências obstétricas, porque não há médicos e essa carência não vai ser resolvida no curto prazo.

Depois de várias reuniões com os responsáveis da área e as administrações dos hospitais da região da grande Lisboa, a Direção Executiva do SNS decidiu que não há condições para alterar o modelo, que começou por servir para o período do Natal e Ano Novo, depois foi prolongado até ao final de março e, agora, volta a ser prolongado até ao final de maio.

E nessa altura o que é que vai acontecer?

Nessa altura será feita nova avaliação e, previsivelmente, haverá ainda mais serviços fechados, já que a Direção Executiva admite que vai ser difícil manter o atual modelo na época de Verão por causa das férias. Com mais profissionais fora nos meses de junho a setembro vai ser necessário fazer um plano sazonal específico.

Esse plano poderá acontecer já com novas regras para a constituição das equipas de urgência de obstetrícia, que foi proposta pelo colégio da especialidade e que está nesta altura em consulta pública.

Essas novas regras reduzem o número de especialistas por equipa. E também pode contar com mais obstetras, uma vez que há 28 novos especialistas que vão fazer o exame final, assim eles queiram ficar no Serviço Nacional de Saúde.

Está a fazer-se alguma coisa para atrair médicos para o SNS?

A direção executiva do SNS diz que a solução que está em prática é temporária, até que se consiga recrutar os recursos humanos necessários, no sentido de evitar o fecho em absoluto de blocos de parto de alguns hospitais que são relevantes, até porque, em algumas zonas do país não existe qualquer alternativa pública ou privada, o que condicionaria de forma marcante o acesso das grávidas e recém-nascidos a cuidados de saúde.

Quanto a medidas para aumentar a atratividade do SNS para os profissionais de saúde, a Direção Executiva diz que estão a ser negociadas várias medidas, entre as quais, a revisão das carreiras e das tabelas salariais, novos incentivos para a realização de atos no SNS e novos investimentos em infraestruturas. Lembra, a propósito, a aprovação do financiamento de 27 milhões de euros, para melhoramentos em 33 blocos de parto de todo o país.

Até conseguirem contratar mais médicos não há outra solução, como ir buscar médicos a outros hospitais?

É o que vai acontecer. A Direção Executiva anuncia que médicos de outros hospitais e de outras zonas do país vão prestar serviço nas urgências obstétricas e nos blocos de partos mais carenciados da Região de Lisboa e Vale do Tejo.

Estas unidades vão contar com especialistas e internos de ginecologia-obstetrícia dos hospitais de São João, Santo António, Famalicão, Guimarães e Coimbra para completarem as escalas.

O organismo liderado por Fernando Araújo fala num esforço único e de elevado significado que não será em vão, nem será esquecido.

Quanto aos serviços de urgência, quais é que funcionam alternadamente?

Em Lisboa, aos fins de semana, o serviço de urgência de ginecologia e obstetrícia do Hospital São Francisco Xavier alterna com o do Fernando Fonseca.

A norte de Lisboa, os hospitais de Loures e Vila Franca de Xira fazem parceria, e o mesmo acontece a Sul, entre o Centro Hospitalar Barreiro-Montijo e o Garcia de Orta, em Setúbal.

O funcionamento rotativo aplica-se ainda ao Centro Hospitalar do Oeste, ao Centro Hospitalar do Médio Tejo e ao Hospital Distrital de Santarém, alternando entre si o funcionamento das urgências e do bloco de partos.

Fora da Grande Lisboa, o bloco de partos do Hospital de Portimão continua encerrado ao fim de semana de duas em duas semanas.

E no resto do país?

Nas outras regiões do país está tudo a funcionar.

Na região de Lisboa funcionam 24 sobre 24 horas o Hospital de Santa Maria, a Maternidade Alfredo da Costa e o Hospital de Cascais.

No Norte, Centro e Alentejo todas as unidades funcionam sem interrupções e, no Algarve, o Hospital de Faro tem sempre a urgência de ginecologia e obstetrícia de portas abertas.