Barcelona terá simulado gastos para financiar campanha difamatória
03-03-2021 - 15:53
 • Renascença com Lusa

Responsável do Barcelona terá cedido dados pessoais de sócios do clube, com o intuito de serem utilizados para fins de propaganda, contra possíveis opositores e críticos da direção.

A investigação da polícia catalã no processo "Barçagate" apurou que o Barcelona terá simulado despesas com a academia de futebol para financiar uma alegada campanha difamatória contra adversários do ex-presidente, Josep Maria Bartomeu, de acordo com a EFE.

Segundo avança a agência noticiosa espanhola, esta quarta-feira, com base no relatório policial, o Barcelona terá simulado o pagamento de 192.000 euros, fracionados em prestações mensais, à empresa Tantrasoft, pertencente ao grupo que detém a I3 Ventures. Tê-lo-á feito simulando gastos com a academia, conhecida por La Masia.

A investigação também apurou que um responsável do Barcelona “cedeu dados pessoais de sócios do clube, com o intuito de serem utilizados para fins de propaganda, contra possíveis opositores e críticos da direção”.

Bartomeu em "liberdade provisória"


Bartomeu e o ex-diretor da presidência do clube, Jaume Masferrer, saíram, na terça-feira, em “liberdade provisória”, após terem comparecido perante um juiz, no âmbito da investigação do processo "Barçagate".

Os dois antigos dirigentes foram colocados em liberdade depois de terem passado a noite sob detenção. No entanto, “permanece aberta a investigação” sobre crimes de corrupção e outros delitos criminais, informou o Tribunal Superior da Catalunha, em comunicado.

Bartomeu e Masferrer decidiram não prestar declarações em tribunal, tal como já tinha acontecido perante as autoridades policiais. O mesmo fizeram o diretor geral do Barcelona, Óscar Grau, e o diretor jurídico, Román Gómez Ponti, que saíram em liberdade na segunda-feira.

As autoridades regionais da Catalunha realizaram buscas em cinco locais, entre empresas e particulares, com o intuito de encontrar material útil para a investigação. Um dos locais alvo das buscas foram “departamentos específicos” em Camp Nou, estádio do Barcelona.

O clube confirmou a existência de buscas, na sequência de mandados emitidos pelo 13.º Tribunal de Instrução de Barcelona, “encarregue do caso sobre o uso de serviços de monitorização de redes sociais”.

Além dos escritórios em Camp Nou, os Mossos d’Esquadra realizaram buscas na sede da I3 Ventures e da Telampartner. As duas empresas foram alegadamente contactadas para agir nas redes sociais contra adversários e atletas que se opunham à direção de Bartomeu.

Barcelona a ponto de ter novo líder


O "Barçagate" partiu de uma denúncia de um grupo de adeptos, cujo processo segue em segredo de justiça até 10 de março. Segundo a imprensa espanhola, relaciona-se, entre outros, com uma campanha de difamação levada a cabo contra concorrentes da administração de Bartomeu - de jornalistas a ex-dirigentes e até jogadores.

O clube está a quatro dias de eleger um novo presidente, no domingo, com três candidatos a concurso: Joan Laporta, antigo líder do emblema, entre 2003 e 2010, o empresário Victor Font e o antigo diretor Toni Freixa.

Bartomeu, de 58 anos, foi presidente do Barcelona entre 2014 e 2020, com Carles Tusquets a sucedê-lo, de forma interina, a partir de outubro do ano passado, após muita pressão de adeptos e até de atletas. Entre eles estava a estrela do clube, Lionel Messi, que ameaçou sair no verão de 2020.