Cessar-fogo à vista. Aproxima-se o fim da guerra entre Israel e Hamas?
02-02-2024 - 07:50
 • André Rodrigues

Fontes próximas dos negociadores, citadas pela imprensa israelita, admitem que as indicações iniciais são positivas, mas não devem ser vistas como definitivas.

Pode estar para breve um acordo entre Israel e o Hamas. Nas últimas horas de quinta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Qatar, que está a mediar as negociações, admite essa possibilidade.

Esta quinta-feira, o Hamas aceitou os traços gerais da proposta de cessar-fogo, abrindo, assim, a hipótese para um entendimento oficial.

O Explicador Renascença dá todos os detalhes mais recentes das negociações do conflito no Médio Oriente.

Podemos estar perto do fim da guerra?

Para já, significa que poderá já existir um entendimento entre Israel e o Hamas para um cessar-fogo. Essa é uma indicação deixada nas últimas horas pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros do Qatar, que tem sido o principal mediador neste conflito iniciado a 7 de outubro.

De acordo com a diplomacia do Qatar, o Hamas terá dado uma aprovação inicial para a libertação de reféns e a interrupção dos combates na Faixa de Gaza.

Como é que Israel interpreta este sinal?

De forma, inicialmente, positiva. Mas o governo de Telavive lembra que esta posição do Hamas não significa necessariamente que haja uma disponibilidade imediata para avançar com a libertação de reféns.

Fontes próximas dos negociadores, citadas pela imprensa israelita, admitem que as indicações iniciais são positivas, mas não devem ser vistas como definitivas, uma vez que o Hamas ainda não apresentou contrapartidas.

Só quando isso acontecer é que Israel decidirá se existe alguma possibilidade de ser alcançado um cessar-fogo mais consistente.

Seja como for, os sinais parecem ser positivos.

No terreno há efeitos desta aproximação?

Do que se sabe nas últimas horas, não há relatos significativos de violência no terreno. O que se sabe, isso sim, é que Israel tenciona prosseguir com a campanha militar na Faixa de Gaza, agora mais concentrada no sul do território, na região de Rafah, junto à fronteira com o Egito.

É uma indicação deixada pelo ministro israelita da Defesa, através de uma publicação na rede social X (antigo Twitter), numa altura em que mais de um milhão de palestinianos se encontram refugiados nessa zona do território, depois da intensa ofensiva israelita no norte de Gaza.

Como é que o mundo reage?

Com naturais cautelas, face ao que tem sido o regresso às hostilidades depois de cada trégua humanitária. O cenário tem sido de constante degradação.

Nas últimas horas, Joe Biden emitiu uma ordem executiva que impõe sanções financeiras e proibição de vistos contra quatro cidadãos israelitas. É a resposta de Washington aos constantes ataques de colonos israelitas contra palestinianos na Cisjordânia, uma rara ação repressiva da administração norte-americana, tendo em conta que, historicamente, os Estados Unidos são o aliado mais próximo de Israel.

Telavive já reagiu a esta decisão, dizendo que a maioria dos colonos da Cisjordânia cumprem a lei e classifica de "drástica" esta decisão do Presidente norte-americano.

O Reino Unido pode dar um contributo importante?

Sim, o ministro britânico dos Negócios Estrangeiros abre a porta ao reconhecimento oficial de um Estado palestiniano, mas só depois de um cessar-fogo em Gaza.

David Cameron defende que esse reconhecimento não poderá ocorrer enquanto o Hamas permanecer em Gaza.

Mas poderá ser possível, num quadro de negociações e de entendimentos para a paz entre Israel e a Autoridade Palestiniana.