Buscas nos Comandos e mais 100 locais por suspeitas de tráfico de diamantes em missões da ONU
08-11-2021 - 09:16
 • Renascença

Polícia Judiciária suspeita do envolvimento de militares no tráfico de bens preciosos de países africanos, nomeadamente da República Centro-Africana. Ministro dos Negócios Estrangeiros diz que investigação "não afeta a nossa imagem internacional".

A Polícia Judiciária está a fazer buscas no Regimento de Comandos, em Sintra, e em cerca de uma centena de outros locais, incluindo Lisboa, Porto, Bragança e Vila Real. Segundo a TVI, há mais de 10 detidos.

Em causa estão suspeitas de tráfico de diamantes, ouro e droga em missões militares na República Centro-Africana, num esquema criminoso que, segundo a TVI, já dura há vários anos.

Também de acordo com a estação de Queluz, os comandos aproveitariam as vantagens da não fiscalização a aviões militares no regresso das missões e seguia-se depois um elaborado esquema de ocultação destes proveitos ilícitos - branqueamento de capitais -, com recurso a testas de ferro na abertura de contas bancárias, e à aquisição por exemplo de bitcoins.

Ainda segundo o canal de televisão, as operações desta segunda-feira estão a cargo da Unidade Nacional de Combate à Corrupção da PJ e está a ser acompanhada pelo juiz Carlos Alexandre.

"Não afeta a nossa imagem internacional"

Questionado sobre as investigações em curso, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, considera que o caso "não afeta a nossa imagem internacional".

O governante lembra que existe separação de poderes e que "se as autoridades judiciais entendem que há indícios que exigem investigações, essas investigações devem ser feitas".

Santos Silva recusou tratar "indícios como se fossem factos apurados" e voltou a sublinhar a boa reputação de que gozam as forças militares.

"A imagem internacional de Portugal muito beneficia do facto de sermos, como gostamos de dizer, um contribuinte líquido para a segurança internacional, e o facto de, em particular nas missões de paz das Nações Unidas, mas também nas missões da NATO ou nas missões da União Europeia, o papel desempenhado dos militares portugueses ser unanimemente reconhecido", disse.

O agora chefe da diplomacia portuguesa já foi ministro da Defesa e garante que, em qualquer cargo, sempre ouviu elogios sobre a prestação dos militares portugueses. "Não oiço de nenhum meu interlocutor internacional que fale sobre forças portuguesas destacadas em missões de paz internacionais outra coisa senão o pedido que continuemos e que reforcemos a nossa presença", rematou.

[Notícia atualizada às 10h08]