José Augusto foi avançado-centro e extremo. Jogador tecnicista, rápido e talentoso, com requinte no passe, criativo na finta, assertivo na tomada de decisão, e com bom jogo aéreo, o barreirense deixou uma marca indelével no Benfica, na seleção e no futebol português.
O jornalista francês Grabriel Hanot, nas páginas do “L’Équipe“, chamou-lhe um dia o "Garrincha português”, devido à capacidade desequilibradora de José Augusto e pela dificuldade dos adversários que lhe moviam marcação.
Tirocínio no Barreirense
Começou no Barreirense como guarda-redes aos 10 anos de idade. Até aos 17 praticou duas modalidades, conciliando o futebol e o basquetebol. A decisão de optar apenas pelo futebol foi tomada depois de uma intimação feita por um dirigente do clube do Barreiro.
José Augusto optou pela modalidade que o pai já praticara. Alexandre Almeida, pai de José Augusto, tinha sido defesa do Barreirense nos anos 30.
Foi internacional júnior antes de chegar à principal equipa alvi-rubra. Em 1955/56 fez 21 jogos e nove golos na época de estreia a titular como sénior no Barreirense que fazia furor na Primeira Divisão. No segundo jogo marcou três golos ao famoso guarda-redes do Sporting Carlos Gomes e só dois foram validados.
José Augusto tinha apenas 18 anos e alinhava como avançado-centro. O Barreirense nessa época ficou em sexto lugar na 1ª divisão. No Barreiro, era comum trabalhar para os Caminhos de Ferro. José Augusto foi metalomecânico e estofador. Alinhou quatro temporadas no Barreirense até ao inevitável salto para um grande.
Depois de 101 jogos e 51 golos, sempre no escalão principal, pelo Barreirense, José Augusto transferiu-se para o Benfica. Deu prioridade ao emblema encarnado porque o Benfica tinha ido duas vezes ao Barreiro para angariar fundos para a doença do pai que viria a falecer muito novo, antes dos 40 anos.
A chegada ao Benfica
José Augusto foi contratado pelo Benfica no Verão de 1959. O treinador húngaro Béla Guttmann acabara de chegar à Luz proveniente do FC Porto onde tinha sido campeão. O Benfica pagou 350 contos (1750 euros) ao Barreirense e José Augusto recebeu 100 (500 euros) pela assinatura e um ordenado mensal de quatro contos (20 euros).
No Benfica, venceu duas Taças dos Campeões europeus em 1960/61 (marcou sete golos na prova) e 1961/62 (quatro golos). Foi finalista vencido de mais três finais da Taça dos Campeões. Só José Augusto, Coluna e Cruz, jogaram as cinco finais europeias do Benfica da década de 60.
José Augusto representou o Benfica como jogador entre 1959 e 1969. Foi oito vezes campeão nacional (1959/60, 1960/61, 1962/63, 1963/64, 1964/65, 1966/67, 1967/68 e 1968/69) e venceu três taças de Portugal (1961/62, 1963/64, 1968/69) Com a camisola do Benfica fez 368 golos oficiais e marcou 176 golos.
Na seleção como jogador e selecionador
Na seleção nacional, José Augusto fez seis jogos e três golos no Mundial de Inglaterra. Portugal foi terceiro classificado. A melhor classificação de sempre da equipa portuguesa em mundiais de futebol. José Augusto jogou na equipa das quinas entre 1958 e 1968 (na primeira internacionalização alinhava no Barreirense).
Vestiu 45 vezes a camisola das quinas e marcou 10 golos. Pela seleção nacional foi mais tarde treinador. Orientou a seleção em dois momentos nas décadas de 70 e 80. Integrou a equipa técnica do Europeu de 1984, em França. Mais tarde entre 2004 e 2007 ainda passaria pelo comando das seleções femininas.
Como treinador, nos clubes passou por Benfica (venceu a Taça de Portugal em 1969/70), Vitória de Setúbal, Barreirense, Portimonense, Farense, Penafiel, Amora, Logroñes (Espanha) e Alverca.
Nascido a 13 de Abril de 1937, José Augusto completa 85 anos de idade. É um nome marcante do futebol português.