Os investidores estão a "perder a fé" no Deustche Bank
09-02-2016 - 20:54
 • João Carlos Malta com Reuters

As acções do banco estão em mínimos históricos de 30 anos e os prejuízos batem recordes. O colosso financeiro alemão tem um plano de reestruturação a decorrer, mas começam a aumentar as dúvidas de que possa ser cumprido.

O Deutsche Bank tem uma tarefa muito difícil pela frente para recuperar a credibilidade no mercado, depois de as acções do banco terem atingido os mínimos históricos dos últimos 30 anos. Os rácios de capital estão a dar poucas garantias aos investidores para que estes tenham confiança no futuro da instituição financeira, e as expectativas de que se irá iniciar uma recuperação são reduzidas.

Este é mais um dos grandes bancos europeus a embarcar numa dolorosa reestruturação para fazer face a uma regulação mais dura, que está a diminuir as possibilidades de os bancos garantirem formas de assegurar mais rentabilidade. Os resultados do maior rigor dos reguladores fizeram com que o banco alemão apresentasse prejuízos recorde no mês passado.

As acções do Deutsche Bank caíram 40% desde o início do ano, liderando a crise no sector bancário na Europa, isto depois de esta instituição financeira ter anunciado esta terça-feira que tinha reservas para pagar as obrigações de maior risco.

Os investidores estão muito preocupados com a capacidade que a administração terá para executar o plano de recuperação a dois anos, que foi anunciado em Outubro do ano passado. Ainda para mais numa altura em que as perspectivas de crescimento global são reduzidas e as taxas de juro estão em valores negativos.

"Os investidores perderam completamente a crença no banco”, relatou à Reuters um dos dez maiores accionistas do banco alemão.

Muitos investidores dizem temer que o banco precise de um aumento de capital, apesar de este ter angariado 20 mil milhões de euros, entre 2010 e 2014, para conseguir cumprir as questões regulamentares e legais.

O Deustche Bank não quis comentar o momento financeiro da instituição à Reuters. Mas o co-CEO, John Cryan, escreveu uma carta aos trabalhadores a dizer-lhes que podem garantir aos clientes que o banco está financeiramente “mais do que sólido”.

“O mercado tem expressado alguma preocupação em relação à adequação das provisões, mas eu não partilho dessa visão", rematou Cryan.

[texto corrigido às 23h13]