​Emissões poluentes. Donos de carros manipulados gastaram quase mil euros na oficina
19-01-2018 - 07:06

Aumento do consumo, perda de potência e um motor mais ruidoso são as principais queixas que as associações de consumidores europeias receberam.

Os proprietários de carros do grupo Volkswagen estão insatisfeitos com as alterações feitas nos veículos, na sequência do escândalo das emissões poluentes. O gigante alemão comprometeu-se a corrigir o problema gratuitamente, mas os resultados não satisfazem completamente.

De acordo com um estudo da Deco, os portugueses que têm carros afectados pelo escândalo acabaram por pagar, em média, 957 euros em arranjos. A associação de defesa dos consumidores portuguesa, em conjunto com as associações de consumidores de Bélgica, Espanha e Itália fez um inquérito a mais de 10.500 proprietários.

Em declarações ao programa Carla Rocha - Manhã da Renascença, Bruno Santos, da Deco, revelou que "há uma margem muito grande de proprietários insatisfeitos porque viram o seu carro piorar depois desta intervenção obrigatória". O estudo revela ainda que em "13% dos casos, os proprietário decidiram reinstalara o software anterior".

Aumento do consumo (55%), perda de potência (52%) e um motor mais ruidoso (37%) são as principais queixas relatadas.

Perante estes problemas, a Deco já está em contacto com o Ministério da Economia para tentar revogar a obrigatoriedade de intervenção nos carros afectados.

"Sabendo que há 30 mil carros que ainda não foram intervencionados, questionamos o Ministério da Economia sobre a pertinência de continuar a exigir a obrigatoriedade de ir às oficinas", argumenta Bruno Santos.

A associação de defesa dos consumidores defende ainda "a necessidade dos consumidores europeus terem um tratamento equivalente ao que tiveram os consumidores americanos", onde, recorda, "10 mil milhões de dólares foram disponibilizados à partida precisamente para uma série de medidas de compensação que passava, por exemplo, pela retoma dos carros, cessação de contratos de leasing".

Bruno Santos considera, por isso, que é tempo "de os governos europeus se envolverem e da União Europeia também dar um sinal".

"É altura de avançar na área da política", remata.

Na quinta-feira, o Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT) avisou que os automóveis do grupo afectados pelo problema que não forem reparados ficam impedidos de circular nas estradas portuguesas.

Em Setembro de 2015 rebentou o escândalo da manipulação de emissões poluentes pela Volkswagen, estimando-se que em todo o mundo tenham sido afectados 11 milhões de veículos pela fraude cometida pelo grupo, dos quais oito milhões na Europa.

O caso conhecido como "Dieselgate" levou o grupo a actualizar o software dos motores diesel em todas as suas marcas.