"Nem que tenha de proibir exportações", UE vai forçar farmacêuticas a cumprir contratos
25-03-2021 - 21:31
 • Lusa

UE vai fazer um levantamento da capacidade de cada Estado-membro para a produção de vacinas. Portugal pode ser incluido na colaboração. Esta é uma das conclusões do Conselho Europeu que decorreu ontem por videoconferência.

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A União Europeia (UE) tenciona "forçar" as farmacêuticas a cumprir os contratos de fornecimento de vacinas contra a Covid-19.

A afirmação foi proferida pelo primeiro-ministro, António Costa, na conferência de imprensa que se realizou após a cimeira por videoconferência de líderes dos 27.

"[A UE] tudo fará para forçar o cumprimento dos contratos assinados, recorrendo a todos os instrumentos, incluindo a proibição de exportações, se tal vier a ser necessário. Mas essa posição salvaguardará sempre as cadeias de fornecimento que são indispensáveis assegurar para o bom funcionamento da indústria, quer na Europa, quer no resto do mundo", ressalvou António Costa logo a seguir.

Interrogado se um eventual bloqueio das exportações de vacinas por parte da União Europeia não colocará em causa a sua imagem no mundo, abrindo um grave litígio político com o Reino Unido, António Costa contrapôs que a União Europeia é o espaço económico que "mais aberto tem estado a exportar aquilo produz".

"A Europa lidera o apoio à Covax, o mecanismo internacional que tem assegurado o fornecimento de vacinas aos países em desenvolvimento, em particular de África e da América do Sul", apontou a título de exemplo.

De acordo com o primeiro-ministro, "quando a União Europeia diz que utilizará todas as armas, não diz que a primeira arma a utilizar será a do bloqueio das exportações".

"As conclusões deste Conselho Europeu são bastante claras, apontando que é fundamental manter as cadeias de fornecimento de forma a não haver um bloqueio global", frisou.

Ou seja, para António Costa, "é fundamental que a perspetiva seja positiva e construtiva de juntar de esforços e não de criar barreiras".

"Armas são armas, mas o objetivo não é a guerra. Pelo contrário, queremos um trabalho pacífico de cooperação para aumentar a capacidade de resposta perante um desafio comum, que é esta pandemia", reforçou.

Vacinação seria mais rápida, "se farmacêuticas cumprissem", diz Ursula von der Leyen

A presidente da Comissão Europeia disse esta quinta-feira que a União Europeia (UE) podia já "ter sido muito mais rápida" na vacinação contra Covid-19 "se as farmacêuticas tivessem cumprido os contratos", mas disse manter os objetivos de imunização.

"A vacinação está agora finalmente a progredir de forma constante e [...], se olharmos para o número de pessoas que foram totalmente vacinadas na Europa, são 18,2 milhões, pelo que 4,1% [dos cidadãos] já receberam as duas doses da vacina, mas é claro que todos sabemos que poderíamos ter sido muito mais rápidos se todas as empresas farmacêuticas tivessem cumprido os seus contratos", declarou Ursula von der Leyen.

A líder do executivo comunitário disse esperar que as farmacêuticas "aumentem as suas entregas tal como contratadas no segundo trimestre" deste ano, para o processo de imunização "ganhar ritmo".

"No geral, se olharmos para o segundo trimestre e o que está contratualizado, isso significa que estamos no bom caminho para atingir o nosso objetivo de que este verão tenhamos 70% da população adulta da UE vacinada", adiantou Ursula von der Leyen.

Dados divulgados pela responsável revelam que 18,2 milhões adultos dos perto de 400 milhões de cidadãos da UE receberam já a segunda dose da vacina contra a Covid-19, levando assim a que só 4,1% da população europeia esteja completamente imunizada.

A meta de Bruxelas é que, até final do verão, 70% da população adulta esteja vacinada.