As previsões económicas de outono divulgadas na semana passada pela Comissão Europeia apontam para um abrandamento do crescimento económico na UE, “num clima de grande incerteza”. Ninguém sabe como irá acabar o conflito do governo italiano com a Comissão Europeia, em torno do orçamento de Estado da Itália para 2019, como não se sabe se teremos um Brexit com ou sem acordo de transição.
O protecionismo de Trump continuará, para já, a criar problemas às empresas europeias que querem negociar com o Irão. O presidente americano poderá voltar-se contra a UE, que ele já uma vez classificou de “inimiga”. E os partidos eurocéticos e populistas organizam-se para apresentarem uma frente anti-imigração nas eleições de maio para o Parlamento Europeu.
Até agora, a Espanha, bem como Portugal, pareciam imunes a essa onda anti-imigração. Entre 2000 e 2010 os residentes estrangeiros em Espanha aumentaram 5 milhões. Mas uma boa parte deles vinha da América latina, falando espanhol e com uma cultura que permitia uma integração relativamente fácil na cultura espanhola.
Agora, porém, as circunstâncias são outras. No ano passado aconteceu em Barcelona um selvático ataque terrorista. E com a Itália a recusar receber gente que vem de África atravessando o Mediterrâneo, o Sul de Espanha passou a ser a zona de entrada preferida por esses migrantes. O diretor da Agência Europeia de Fronteiras e Guarda Costeira (Frontex) teme que Espanha se converta na nova rota principal para os imigrantes que tentam chegar à Europa a partir de África. E persiste o problema do independentismo da Catalunha (melhor: de parte dela), o que, como resposta, estimula o nacionalismo espanhol.
Daí que tenha começado a aparecer no espaço público de Espanha um partido fundado há quatro anos, chamado Vox, mas até agora pouco conhecido. A ideologia do Vox é contrária à entrada de imigrantes em território espanhol, sobretudo se forem muçulmanos. Mas não só: o novo partido também se diz antifeminista, pretendendo revogar a lei que criminaliza a violência doméstica. E quer ilegalizar os partidos independentistas, que existem nomeadamente na Catalunha e no País Basco.
Para já, e à semelhança do que já aconteceu, por exemplo, em França, a visibilidade do Vox levou o Partido Popular (PP), sob a nova liderança de Pablo Casado, a aproximar-se de algumas posições extremistas do Vox. É certo que o peso político do PP caiu muito; mas veremos se a influência do Vox fica por aqui. E se não atravessa a fronteira com Portugal.
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