​A nova líder do BCE
07-11-2019 - 06:21

Combater as tendências eurocéticas é tarefa prioritária para Christine Lagarde. Sobretudo na Alemanha, mas também no interior do próprio BCE.

A nova líder do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, percebeu que a sua tarefa prioritária é combater as tendências eurocéticas, nomeadamente na Alemanha. O partido de extrema-direita “Alternativa para a Alemanha”, xenófobo e anti-liberal, começou por defender a saída do euro.

Na sua primeira visita oficial, C. Lagarde foi à Alemanha participar numa homenagem ao antigo ministro das Finanças Wolfgang Schäuble, um promotor da austeridade e crítico de certas medidas não convencionais do BCE. Mas Schäuble acabou por se render a Mário Centeno, chamando-lhe “o Ronaldo do Eurogrupo”...

É preciso que a política económica alemã reconheça que tem beneficiado muito por ter trocado o marco pelo euro. Como salienta o “Financial Times”, a moeda única proporcionou estabilidade cambial aos alemães; e estes devem ao BCE ter evitado no mercado comunitário uma deflação à japonesa, mesmo contra a oposição do Bundesbank.

Seria do interesse europeu e também germânico a RFA investir mais e moderar os seus excedentes na balança comercial. Há várias semanas surgiram indícios que os dirigentes alemães, frente a uma provável recessão, estariam disponíveis para abandonarem a obsessão do equilíbrio orçamental. Mas, depois, quase nada aconteceu.

Ou melhor, o ministro alemão das Finanças, Olaf Scholz (socialista) escreveu no “Financial Times” um artigo anunciando que o seu país irá reconsiderar um seguro europeu de depósitos bancários, algo que falta para completar a união bancária. Ora Berlim tem-se oposto a dar tal passo – veremos se, desta vez, estas palavras se concretizam.

C. Lagarde tem, ainda, que combater as divisões que surgiram no interior do próprio BCE quanto às medidas de estímulo anunciadas por Draghi antes de sair – medidas que Lagarde logo apoiou. Em suma, uma boa política de comunicação do BCE é indispensável, para evitar que o euroceticismo populista acabe por prevalecer. Veja-se o que se passou no Reino Unido com o Brexit.

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