Instituto recruta grávidas para estudo sobre exposição ao mercúrio
09-09-2021 - 11:47
 • Lusa

Estudo abrange mulheres com idades entre os 18 e os 44 anos, que estejam grávidas até às 20 semanas, e vai decorrer no Chipre, Espanha, Grécia, Islândia e Portugal.

O Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA) está a recrutar grávidas para um estudo europeu que visa avaliar a exposição ao mercúrio das gestantes e desenvolver recomendações específicas para o consumo de peixe durante a gravidez.

Financiado pela Comissão Europeia, o projeto HBM4EU-MOM pretende também estudar os hábitos de vida e necessidades destas mulheres relativamente ao consumo de peixe em cinco países europeus - Chipre, Espanha, Grécia, Islândia e Portugal - na medida em que este consumo está associado à exposição ao mercúrio.

"O que se pretende é termos 130 mulheres em cada um dos países para termos 650 mulheres a nível europeu e podermos fazer uma análise global", disse à agência Lusa a investigadora do INSA Sónia Namorado.

Desde junho que o INSA está a convidar a participar no estudo mulheres com idades compreendidas entre os 18 e os 44 anos que estejam grávidas até às 20 semanas, mas tem havido "algumas dificuldades de recrutamento" devido à situação de pandemia, disse a coordenadora do projeto a nível nacional.

"Apesar de tentarmos fazer alguma divulgação através do Facebook do INSA e da colaboração de alguns centros de saúde, o que estes dizem é que as mulheres estão a adiar o planeamento da gravidez, muitas delas por estarem com receio desta situação de pandemia", disse Sónia Namorado.

Por outro lado, disse a investigadora, "algumas grávidas, e é compreensível, têm receio de participar no estudo porque querem minimizar os contactos durante a gravidez, porque é um período em que sentem que estão mais vulneráveis e querem proteger-se a si e o bebé".

"Neste estudo fazemos a entrevista por telefone para minimizar o tempo em que há contacto direto com a mulher grávida e também minimizar os possíveis riscos de Covid-19", disse, adiantando que já têm 45 participantes.

Às participantes será solicitada uma pequena amostra de cabelo para medição dos níveis de mercúrio e a resposta a um questionário sobre hábitos alimentares, estilos de vida e saúde.

Sónia Matos explicou que a colheita pode ser feita no INSA e se necessário a equipa desloca-se à residência. Quem quiser participar pode entrar em contacto com a equipa através do endereço de e-mail hbm4eu-mom@insa.min-saude.pt.

A investigação, que está a ser desenvolvida "no âmbito de um grande projeto europeu", designado Iniciativa Europeia de Biomonitorização Humana, teve início em 2017, mas foi prolongada por causa da pandemia, devendo estar concluída no final do ano.

"O objetivo desta iniciativa é tentar compreender a forma como nos encontramos expostos a químicos e quais podem ser as consequências dessa exposição na nossa saúde", explicou.

O problema relativamente às grávidas, o grupo mais vulnerável, é que o mercúrio que existe no seu corpo irá existir também no corpo do bebé, frisou.

"Ao participarem no projeto as mulheres não só vão ter a possibilidade de conhecer a sua exposição ao mercúrio, como também estarão a contribuir para a obtenção de dados a nível da população que poderão ter efeitos nas políticas de saúde e ambiente", disse Sónia Namorado.