“Ouvimos mais as grandes empresas do que as pessoas” em tempo de pandemia
23-09-2020 - 10:53
 • Aura Miguel

Na sua intervenção, o Papa deixou vários alertas a dirigentes e à sociedade em geral. "Sair da crise significa mudar", indicou.

O Papa Francisco denunciou, na catequese desta quarta-feira, a “falta de respeito pelo princípio da subsidiariedade que propagou-se como um vírus”. Segundo Francisco, os responsáveis políticos ouvem mais os poderosos do que os fracos.

“Ouvimos mais as grandes empresas financeiras do que as pessoas ou aqueles que movem a economia real. Ouvimos mais as empresas multinacionais do que os movimentos sociais. Ouvimos mais as grandes farmacêuticas do que os profissionais da saúde, que estão na linha da frente nos hospitais ou nos campos de refugiados. Este não é o caminho certo!”, alertou.

Na sua opinião, para sair desta crise, é preciso implementar o princípio da subsidiariedade, respeitando a autonomia e a capacidade de iniciativa de todos.

“Ou trabalhamos juntos para sair da crise, ou nunca sairemos dela. Sair da crise não é dar uma pincelada de verniz sobre as situações atuais para parecer mais justas, não. Para sair da crise, é preciso mudar. E todos fazem a verdadeira mudança, com todas as pessoas que formam o povo. E todos juntos, em comunidade.”

O Papa recordou esta manhã que, “devido ao confinamento motivado pelo novo coronavírus, muitas pessoas, famílias e atividades económicas encontraram-se em sérias dificuldades” e deixou um apelo para que “os vértices da sociedade” respeitem e promovam os níveis intermédios e reconheçam como é “decisiva a contribuição de indivíduos, famílias, associações, empresas e até das Igrejas.”

Na sua intervenção pediu ainda para que as pessoas sejam “protagonistas do próprio resgate”, criticando políticos e atores sociais que prometem “tudo para o povo”, mas não fazem “nada com o povo”.