Mais de 800 pessoas foram detidas em vários países e 32 toneladas de droga foram apreendidas numa operação internacional contra o crime organizado, avança a Europol. Uma nova aplicação do FBI permitiu desbloquear sistemas de comunicações utilizados pelos criminosos.
Centenas de agentes e outros operacionais estiveram envolvidos na operação "Trojan Shield".
Além de grandes quantidades de cocaína, canábis, anfetaminas e metanfetaminas, foram apreendidas pelas forças policiais 250 armas de fogo, 55 carros de luxo e 48 milhões de dólares em dinheiro e criptomoedas.
A investigação, que começou há três anos, visa os crimes praticados por “alguns dos principais criminosos do mundo” pertencentes à máfia italiana, associações asiáticas de crime organizado, cartéis de droga, gangues ilegais de motards e de lavagem de dinheiro.
O FBI, o DEA (departamento norte-americano encarregado da repressão e controle de narcóticos), a polícia alemã e sueca em cooperação com as autoridades de outros 16 países, com o apoio do Europol, desenvolveram "uma das maiores operações na luta contra as comunicações encriptadas", pode ler-se no comunicado.
A ação teve como origem as anteriores operações de neutralização de duas plataformas digitais de comunicações por telemóvel - EndroChat e SkyECC - usadas sobretudo por traficantes de estupefacientes.
Milhares de criminosos usaram telefones com sistemas de encriptação para organizar tráfico de drogas, armas ou mesmo planos de assassinato, sem saber que tais dispositivos foram distribuídos como parte de uma operação policial secreta que começou em 2019 contra “alguns dos principais criminosos do mundo”.
O controlo foi conseguido através de uma nova aplicação (ANOM) desenvolvida pelas autoridades policiais norte-americanas, nomeadamente pelo FBI, e que acabou por ser utilizada por mais de 12 mil membros de grupos de crime organizado, que operavam em mais de 100 países.
“Esta operação é o esforço mais sofisticado
até hoje para interromper as atividades de criminosos que operam nos quatro
cantos do mundo”, sublinha a Europol.
A aplicação desenvolvida pelo FBI foi a matriz da operação Trojan Shield, que também envolveu a Europol e outras forças polícias de mais de dez países.
"As informações começaram a ser conhecidas ao longo da semana passada, levando a centenas de operações policiais em todo o mundo: da Nova Zelândia à Austrália passando pela Europa e os Estados Unidos, com resultados impressionantes", dissera anteriormente Jean-Philippe Lecoufe, diretor adjunto da Europol.
"Mais de 800 detenções e mais de 700 rusgas e oito toneladas de cocaína apreendidas", acrescentara antes o mesmo responsável em conferência de imprensa.
A operação global permitiu às forças de segurança vigiar e controlar os grupos de crime organizados no embarque de estupefacientes e outros atos criminosos.
A informação recolhida foi analisada tendo permitido "evitar assassínios" e apreender "drogas e armas", disse ainda Calvin Shivers.
As primeiras entidades a revelarem os resultados da operação foram as forças policiais da Austrália e da Nova Zelândia ao referirem-se "a um duro golpe" contra "centenas de criminosos" através do uso de uma aplicação de telemóvel capaz de decifrar mensagens escritas.
[notícia atualizada]