Guerra na Ucrânia. Mais de quatro mil crimes de guerra em investigação
06-04-2022 - 08:33
 • Marta Grosso

“Rússia será responsável por Bucha em Haia”, diz a procuradora-geral ucraniana num comunicado em que descreve as cidades recentemente libertadas como uma “região torturada do inferno”.

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Os procuradores de justiça ucranianos estão a investigar mais de quatro mil potenciais crimes de guerra russos (4.684). De acordo com a procuradora-geral Iryna Venediktova, citada pelo jornal britânico “The Guardian”, a lista de potenciais crimes crescer às centenas a cada dia que passa.

A investigação começou depois de terem sido tornados públicos os acontecimentos em Bucha, que causaram uma repulsa global e uma série de novas sanções contra a Rússia.

Numa conferência de imprensa realizada naquela cidade, na terça-feira, a procuradora-geral da Ucrânia, Iryna Venediktova, descreveu as cidades recentemente libertadas pelas tropas russas, ao redor de Kiev, como uma “região torturada do inferno” e prometeu “punir os desumanos que a instalaram na nossa terra”.


“Os promotores e investigadores já estão a examinar a área [região de Kiev] e a documentar os crimes, para que todos os responsáveis por tais atrocidades sejam levados à justiça nos tribunais nacionais e internacionais”, afirmou Venediktova, garantindo, num comunicado publicado no final do dia, que “a Rússia será responsável por Bucha em Haia”.

No mesmo documento, a procuradora acusa o exército russo de violência sexual contra homens e mulheres, crianças e idosos, tortura e queimar corpos para “esconder o crime. Mas as vítimas estão em silêncio. É a escolha deles. E é, claro, medo, dor, desespero e descrença total”.

As investigações preliminares já começaram em todo o país, inclusive nas regiões de Kiev, Kharkiv, Sumy, Mykolaiv, Donetsk e Luhansk.

“Estamos a recolher provas para os tribunais nacionais e o Tribunal Penal Internacional em Haia. A evidência não é mais apenas crimes de guerra, mas crimes contra a humanidade. E provaremos todos os factos para punir os que torturaram, destruíram e fizeram troça dos ucranianos”, disse Iryna Venediktova.

“Bucha foi libertada dos ocupantes, mas as consequências de suas atrocidades terão que ser recuperadas por muito tempo”, acrescentou, referindo-se mais em concreto a Bucha.

Segundo a procuradoria ucraniana, a invasão russa da Ucrânia já matou, pelo menos, 167 crianças.

A União Europeia e a Ucrânia já criaram uma equipa de investigação conjunta para "recolher provas e investigar crimes de guerra e crimes contra a Humanidade". O anúncio foi feito na segunda-feira, dia 4.

"Os perpetradores destes crimes hediondos não podem ficar impunes", afirmou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, num comunicado de imprensa.

O comissário europeu da Justiça, Didier Reynders, é o responsável pelo acompanhamento desta equipa, em contacto com as autoridades competentes ucranianas.