Quinta-feira, 09 de julho de 2020


De julho havíamos de dizer férias, sol, cigarras

Havíamos de preparar rotas e destinos
Teríamos projetos, tempo sem tempo, ao fundo o mar.
Teríamos o sol a escorrer pelos pinhais
Leituras vagarosas.
E os dias escorrendo como a areia
Mas afinal estamos em julho sem projeto
São outras as palavras
E há um talvez apenas em surdina
Nem destinos, nem encontros, nem abraços
Nem a vida partilhada à volta de uma mesa.
Estamos em julho
Dizemos confinamento e distancia social, dizemos teletrabalho e tele escola.
Dizemos proteção, muita limpeza.
Falamos ao telefone. Voz sem rosto.
Os mais velhos estão tão sós.
E não os vemos.
Os hospitais estão cheios.
Nesta espécie de prisão, de pesadelo como dizer a ternura e o afeto?
Por Tua graça, Senhor, não deixes que os nossos dias se fechem em si mesmos.
Sopra eles o Teu Espírito
Que lhes há-de dar a Luz e a marca do Teu Reino.