​Mudanças económicas na China
22-07-2019 - 06:16

Abrandou o crescimento económico chinês. Mas regista-se ali uma evolução estrutural positiva. E Pequim deixará de subsidiar empresas inviáveis.

No segundo trimestre deste ano o crescimento económico da China baixou para o nível mais baixo dos últimos 27 anos. Há motivos para preocupação, uma vez que se trata da segunda maior economia do mundo?

Não tanto como pode parecer à primeira vista. Primeiro, porque o crescimento da economia da China, sendo menor do que o registado no ano passado (6.6%) ainda assim ficou em 6,2% em abril-junho do corrente ano, um número bem acima dos que se registam na Europa, nos Estados Unidos e no Japão.

Porventura mais importante, a economia chinesa está a evoluir no sentido certo – menos dependência das exportações, crescimento assente sobretudo e cada vez mais no consumo interno. Naturalmente que a guerra comercial com os Estados Unidos limita a força exportadora chinesa. As exportações da China aumentaram 10% em 2018, mas estagnaram no corrente ano. Por isso a China deixou de ter largos excedentes na sua balança comercial (excedente que atingiu 10% do PIB em 2007) e pode em breve vir a registar défices – o que acalma Trump.

O governo chinês tomou medidas de estímulo económico, que se têm revelado eficazes. Assim, houve um corte de impostos de quase 300 mil milhões de dólares. E a política monetária (crédito, nomeadamente) é moderadamente expansionista. O investimento industrial privado subiu.

Menos esperada foi a decisão do governo chinês de deixar de subsidiar as empresas estatais financeiramente insustentáveis. Segundo uma diretriz governamental, o governo “deve usar ferramentas de mercado (…) para reduzir as distorções do mercado e promover o fluxo de recursos para entidades mais eficientes”.

Xi Jinping regressou ao culto de Mao e à referência ao marxismo. Aqui, porém, o pragmatismo prevaleceu sobre a ideologia. E tomou uma medida que muitos governantes de economias capitalistas não têm coragem para aplicar.