Carlos César insiste que CDS é o parceiro privilegiado do PS nos Açores
28-10-2020 - 16:12
 • Susana Madureira Martins , Eunice Lourenço

Socialistas ainda tentam diálogo com democratas-cristãos regionais para evitar uma coligação de direita que lhe retire o governo.

Apesar de as conversas entre PSD e CDS nos Açores estarem a “correr bem”, o PS regional ainda tem esperança que o CDS ajude um novo governo socialista na Assembleia Legislativa regional. E Carlos César, presidente do PS e ex-presidente do Governo Regional, assume isso mesmo numa publicação na rede social Facebook.

“O CDS é, historicamente, um interlocutor privilegiado do PS na Região, num diálogo continuado e com provas dadas em boa parte também justificado pelo posicionamento moderado do PS na Região. Mas não basta. Terá de ir além. E, qualquer que seja o governo, deve evitar soluções precárias”, escreve César, apelando à responsabilidade de todos os partidos depois das eleições regionais de domingo, que ditaram uma vitória do PS, mas com perda da maioria absoluta.

“Vasco Cordeiro tem, como já disse, uma missão complexa à sua frente para formar governo, e, mais ainda, o direito e o dever, determinado pelos resultados do sufrágio, de o fazer. Fê-lo, na própria noite eleitoral, na procura de uma solução de estabilidade e de segurança para os Açores. Mas essa é, também, uma responsabilidade de outros partidos que queiram, efetivamente, colocar os Açores e os açorianos primeiro”, apela o dirigente socialista, considerando que o PS-Açores é o único partido com capacidade “de interlocução à esquerda e à direita e, também por isso, potencial de maior estabilidade”.

Carlos César lembra que o PSD – Açores só consegue constituir governo com o apoio de cinco partidos, o que implica ficar “associado por alguma forma ao Chega”. Pelo que pergunta: “Será capaz de chegar a tanto?...E, mesmo que assim chegue, por quanto tempo?”

O Chega teve uma posição inicial de recusa de qualquer diálogo à mesma mesa com PSD, mas evoluiu para a apresentação de condições.

A publicação de César parte de uma reação a um artigo de Mota Amaral publicada em três diários de S. Miguel, que o dirigente açoriano interpreta como uma oposição a um acordo que envolva o Chega. “O presidente Mota Amaral quis, aplacar a briga, que já vai no seu partido, entre os que, sôfregos, querem ir à força para o governo, e os que, como ele, acham melhor o PSD não arriscar. Tudo, claro, pensando nos superiores interesses dos Açores… “, escreve César que conclui: “Constituir governo, neste contexto, nos Açores, tem de ser um ato de grande responsabilidade e de futuro - para o PS, como para todos os outros partidos. Ficando no governo ou na oposição, só devem dormir descansados os que tenham tentado colocar os Açores primeiro.”

A situação pós-eleitoral nos Açores foi também tema do programa Casa Comum desta quarta-feira, onde o socialista José Luís Carneiro também invocou as relações entre o PS e o CDS regionais, enquanto o social-democrata Paulo Rangel desdramatizou qualquer entendimento com o partido liderado por André Ventura.