Mariano Rajoy ignora Puigdemont e aponta Arrimadas como parceira de diálogo
22-12-2017 - 13:37
 • Filipe d'Avillez

O chefe do Governo de Madrid lembra, em relação aos políticos catalães com processos em tribunal, que é a política que se deve submeter à justiça e não o contrário.

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O primeiro-ministro de Espanha, Mariano Rajoy, não quis comentar, esta sexta-feira, a possibilidade de ter que dialogar com Carles Puigdemont, caso os partidos independentistas catalães façam questão de formarem Governo.

O parlamento catalão saído das eleições de quinta-feira tem uma maioria absoluta de deputados dos partidos independentistas, embora os partidos constitucionalistas tenham tido mais votos e tenha sido um partido constitucionalista a receber o maior número de votos e de assentos parlamentares.

Rajoy, que, esta sexta-feira, na primeira reacção aos resultados, começou por dar os parabéns ao Ciudadanos e à sua líder catalã, Ines Arrimadas, disse que é com esta que terá de reunir para falar sobre o futuro Governo da Catalunha.

O presidente do Governo espanhol – e por inerência representante também dos catalães, como fez questão de sublinhar – não escondeu a sua tristeza com o resultado do seu próprio partido na Catalunha, mas disse estar disposto a dialogar com o futuro Governo, prometendo “toda a colaboração e vontade de diálogo, construtivo, aberto e realista ao Governo que se constitua na Catalunha para resolver os problemas dos catalães e gerar um marco de segurança imprescindível para melhorar o bem-estar das pessoas, o que deve ser o objectivo de qualquer Governo”.

Rajoy defendeu que este diálogo terá de ser sujeito à Constituição e respeitar a “pluralidade e não o unilateralismo”.

Questionado pelos jornalistas sobre se os resultados abrem portas a uma revisão constitucional, Rajoy disse que não contassem com eles se o objectivo for, de alguma forma, pôr em causa a unidade do Estado espanhol.

Apesar de os independentistas terem conseguido maioria nas eleições de quinta-feira, Rajoy preferiu sublinhar que, tanto em mandatos como em votos, a expressão desta corrente tem vindo a diminuir ao longo dos anos e que os resultados “deixam claro que ninguém pode falar em nome da Catalunha, se não contempla toda a Catalunha".

"O que parece evidente é que a Catalunha não é monolítica, é plural e todos devemos cultivar essa pluralidade, respeitá-la e cuidá-la", sublinhou Rajoy.

O chefe do Governo de Madrid defendeu ainda a decisão de invocar o artigo 155.º da Constituição, que suspendeu a autonomia regional da Catalunha e dissolveu o seu Governo, dizendo que não o fez por qualquer razão partidária, mas para repor a legalidade e que Madrid optou por convocar eleições com a máxima brevidade precisamente para deixar claro que não pretendia governar indefinidamente a Catalunha.

Por fim, quando questionado sobre os processos de candidatos eleitos que se encontram a braços com a justiça, pelo seu envolvimento no referendo ilegal de Outubro, Rajoy disse que essa é uma questão da Justiça e que, em Espanha, tal como em qualquer país civilizado, “é a política que se submete à justiça e não o contrário”.