Defesa europeia
15-11-2017 - 06:22

Putin e Trump levam países europeus a tratarem da sua defesa.

A agressividade da Rússia de Putin (Leste da Ucrânia, Crimeia, receio nos países bálticos da UE) e, porventura ainda mais, o desinteresse de Trump quanto à NATO (que classificou de “obsoleta”), levaram vários países europeus a concluírem que têm de fazer mais pela sua própria defesa e segurança.

Acabou o tempo em que a protecção americana permitiu aos Estados membros da UE gastarem cada vez menos na sua defesa.

Por isso, 23 países aprovaram uma “cooperação estruturada permanente” (possibilidade, prevista nos tratados, de países avançarem em conjunto, enquanto outros ficam de fora) na área da defesa.

Não se trata de criar um exército europeu, ao contrário do que erradamente se disse. Mas de reforçar a cooperação militar, que na Europa comunitária é mínima, nomeadamente na indústria de defesa.

Como ontem escreveu Teresa de Sousa no ‘Público’, “a União tem uma capacidade militar que, somada, é pouco inferior à dos EUA, mas que está a uma enorme distância do poder militar americano, graças precisamente à incapacidade para agir em conjunto. Tem um longo caminho a percorrer, nomeadamente em matéria de compatibilidade entre os respectivos exércitos, que hoje praticamente não existe.”

Portugal vai juntar-se aos 23 em breve. O Governo já anunciou o seu apoio a esta cooperação. O atraso tem apenas a ver com a necessidade de consultar o Parlamento.

Mas no debate político português este é um assunto quase ausente. Depois queixam-se de que as medidas tomadas no quadro da UE são decididas quase em segredo nas instâncias comunitárias. O que só contribui para o alheamento dos cidadãos em relação à UE.

O Governo tinha a obrigação de promover um debate público sobre a defesa europeia e a participação de Portugal, por muito que os temas europeus desagradem aos seus apoiantes parlamentares, PCP e BE. Não é um assunto menor.