Detidos por andar de avião e por ir às compras: realidades da pandemia
07-04-2020 - 21:02
• Filipe d'Avillez
Professores, alunos e diretores de escola parecem estar de acordo em pelo menos uma coisa: é preciso alterar os calendários dos exames de final de ano. Sobre o facto de estar a morrer menos gente em Portugal por Covid-19, as autoridades pedem cautela. Há vários outros países longe dos números lusos.
PORTUGAL
Milagre? Bom planeamento? Sorte? A devastar muitos países na Europa, a verdade é que o coronavírus está a afetar Portugal de forma mais leve. Sensatamente, a mensagem dos especialistas é: não lancem foguetes antes do tempo
- Um estudo americano apontava esta terça-feira para 471 mortes em Portugal por Covid-19 até agosto. O mesmo estudo indica que nos Estados Unidos vão morrer 81 mil pessoas e em toda a Europa cerca de 150 mil, só na primeira vaga. De facto, Portugal continua com um número baixo de mortos, sobretudo em comparação com outros países da Europa ocidental. O que nos leva à pergunta: Em termos de saúde, Portugal está mais próximo de Itália ou da Alemanha? A resposta está nos dados. Em todo o caso, a DGS – e não só – aconselham prudência nas próximas semanas.
- Um homem que viajou para Ponta Delgada apesar de já saber que estava infetado com coronavírus corre o risco de ser condenado a oito anos de prisão por vários crimes, incluindo falsas declarações e desobediência. Uma idosa de Ovar não precisou de ir tão longe… Foi detida por ir às compras.
- Os professores estão a aconselhar o Estado a cancelar ou adiar os exames de final de ano. Os alunos partilham dessa vontade e os diretores das escolas não se opõem a, pelo menos, flexibilizar as datas. Tudo isto num dia em que Marcelo admitiu que as escolas podem continuar fechadas até ao final de abril.
- Quase todos os portugueses que se encontravam no estrangeiro e pediram ajuda para regressar a casa já o fizeram, mas cerca de um quarto continua fora do país. O Tiago e a Jessica não precisaram de ser resgatados, estavam em Madrid a trabalhar há mais de um ano. Mas voltaram agora para o país onde, apesar de tudo, a coisa parece estar a correr “miraculosamente”.
- Um bocadinho de milagre, talvez… Mas também uma boa dose de trabalho por parte dos incansáveis profissionais de saúde como Margarida Tavares, uma infeciologista com quem a Renascença falou para saber como é o dia-a-dia na frente de batalha.
- Algumas das situações mais dramáticas nesta pandemia em Portugal têm acontecido em lares. Agora a DGS emitiu orientações para a fase de mitigação que o país atravessa. Entretanto o lar de Aveiro onde já morreram quinze idosos e estão 99 pessoas infetadas não vai ter de ser evacuado.
- Portugal foi acusado por uma agência europeia de medicamentos de estar a armazenar medicamentos e material médico em excesso. A acusação foi rejeitada pelo Infarmed esta manhã, mas horas depois a associação que representa os importadores e exportadores de medicamentos em Portugal juntou-se ao coro de críticas.
MUNDO
Uns deitados, outros de pé e o mundo de joelhos: é esse o legado do coronavírus até ao momento. Enquanto Itália, França e Espanha lidam com o pior da crise, alguns países estão a começar a levantar restrições e pelo menos um sérvio sonha com as praias do Algarve.
- Todo o mundo está a falar de vírus. É vírus para aqui, vírus para ali… Mas o que é um vírus? Leia para compreender estes organismos minúsculos que colocaram o mundo de joelhos.
- Boris Johnson nem de joelhos está, ficou mesmo deitado. O primeiro-ministro britânico continua nos cuidados intensivos e teve de receber oxigénio, mas não está a ser ventilado.
- Já Bolsonaro está de pé e de punhos cerrados. A forma como tem lidado com a pandemia levou até o Ministério Público do Brasil a instaurar um processo contra o seu Governo.
- França ultrapassou esta terça-feira a fasquia dos 10 mil mortos por covid-19. Em Espanha, depois de uma ligeira descida, os números diários voltaram a disparar e em Itália assistiu-se ao terceiro dia consecutivo da descida do número de mortos em 24 horas e Bruxelas anunciou o envio de equipas médicas para ajudar a enfrentar o problema.
- A partir de hoje a Renascença publica uma série de “postais de quarentena”, escritos por pessoas que estão longe dos locais que os media tendem a focar. Hoje temos Lazar Divjak a escrever de Belgrado, mas a desejar estar no Algarve.
- E se às vezes lhe parece que esta saga não tem fim à vista, saiba que já há alguns países a levantar as restrições. Não são muitos, mas já há. Saiba quais.
[Notícia atualizada às 22h40]