JMJ: “A humanidade é boa, dá-nos lições de ar fresco. É possível ajudarmo-nos uns aos outros”
15-04-2022 - 23:51
 • Liliana Monteiro

A Renascença ouviu alguns dos jovens que preparam grupos para as Jornadas Mundiais da Juventude 2023 (JMJ), jovens que partilharam como vivem a solidariedade e o que sentem a mudar.

O desafio de preparação para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) e a guerra na Ucrânia vieram trazer uma reflexão séria sobre como podemos ser melhores na ajuda ao próximo, esteja ele perto ou longe e tomando como ponto de partida o lema da JMJ 2023 «Maria levantou-se e partiu apressadamente», muitos jovens têm enfrentado o desafio.

Helena Domingos, tem 29 anos, é arquiteta e vive em Manteigas, no distrito da Guarda, onde lidera um grupo de escuteiros, afirma que “tal como diz o tema das Jornada Mundial da Juventude, também nós temos de nos levantar do nosso comodismo e sair apressadamente para ajudar estas pessoas (refugiados Ucranianos)”, lembrando que muitas vezes ao longo da vida nos afastamos de Deus e da igreja católica e há momentos que nos voltam depois a puxar para essa vivência.

Armindo Marinho, 31 anos, é polícia municipal e membro do Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil do Porto (SDPJ), escolheu a solidariedade como mote para a sua vida e é com esperança que nos confessa que a ajuda mundial à Ucrânia passa uma única mensagem “a humanidade é boa, quando tem estas ações de solidariedade, estes gestos, dá-nos lições de ar fresco que de facto é possível ajudarmo-nos uns aos outros”.

Diogo Duarte, 23 anos, pertence à paróquia de Benavente, distrito de Santarém, e conta-nos “se todos dermos um pouco somos mais que suficientes para fazer a diferença. Acabo por dar e também incentivar, mostrar que é mais fácil do que parece e mais simples. Sentirmos e vermos que fazemos a diferença ajuda muito os outros a participarem também”.

São jovens com idades entre os 20 e os 30 anos e embarcaram na caminhada de preparação para as Jornadas Mundiais da Juventude que se realizam no próximo ano entre os dias um e seis de agosto.

Armindo Marinho não tem dúvidas que a JMJ trouxe um bem maior, a união. “A questão das jornadas veio melhorar as comunidades. De uma certa forma esta questão de nos voltarmos a organizar para trabalhar para um bem comum ajuda a criar mais e melhores estruturas e comunicação para estarmos mais unidos. A pandemia veio afastar-nos um pouco como comunidade e isto (a JMJ e a guerra na Ucrânia) veio ajudar-nos a unir mais”.

O mundo espera ação dos jovens

A tragédia da guerra na Ucrânia, os rostos do sofrimento, a perda total, deram um novo motivo de reflexão sobre o que podemos ser para os outros e como podemos fazer a diferença na vida deles, estando perto ou longe.

Helena Domingos acredita no poder dos jovens e na sua influência. “Nós somos o futuro para o mundo e cada vez mais estamos consciencializados que temos de fazer algo, ser nós a puxar pelo mundo e como católica tenho o dever de auxiliar os nossos irmãos que passam por dificuldades” referindo-se à ajuda que tem dado não só em bens, mas também do seu tempo para que as campanhas locais cheguem a bom porto.

Diogo Duarte tem uma vida ativa na paróquia de Benavente, mas também no pólo de Santa Iria da Escola de Hotelaria de Lisboa. Rodeado frequentemente por jovens, e não só, partilha que tem um princípio na sua vida, escutar. “Estar sempre um bocadinho à escuta para saber quando alguém vai fazer alguma coisa, se precisa de ajuda. Há sempre alguém à procura de ajuda e só precisamos de nos chegar à frente”, explica.

Que retorno tem a solidariedade?

Estes três jovens: um polícia municipal, uma arquiteta, um professor, olham para a solidariedade como um modo de vida e que sentimento fica?

“Fica sobretudo na alma, é uma maneira de nos sentirmos vivos e alegres, satisfeitos, acabamos por encontrar uma realização pessoal” e Armindo Marinho acrescenta, “darmos o nosso melhor aos outros é o maior tesouro que podemos ter porque ficamos sempre com muito mais”.

Por seu lado Helena acredita que “neste momento em que todos nos juntamos por uma causa faz-nos perceber que juntos somos sempre muito mais fortes e vale muito a pena e é gratificante contribuir um pouco para mudar vidas”.

Convivem todos os dias também com quem não se sente chamado a ajudar, mas os tempos que vivemos estão, dizem, a transformar muita gente.

“É mais fácil aceitar as coisas más, olharmos para o lado, acharmos que o problema é só do outro, que não faz diferença e o que está agora a acontecer mais perto de casa (Guerra na Ucrânia) está a movimentar muitos jovens que conseguem perceber que podem ajudar e que não estão impotentes”, afirma Diogo Duarte.