Com a subida dos preços do gás, do gasóleo e da eletricidade, as lareiras voltam a ser uma opção para muitos portugueses. A procura por lenha tem vido a aumentar e o preço também, por exemplo, uma tonelada de madeiras nobres, como o carvalho, oscila entre os 120 e os 130 euros.
Com o inverno à porta, Gil Aguieiras prepara a lenha com que vai aquecer a casa. As árvores foram cortadas na primavera, a madeira ficou a secar na eira, depois foi cortada, e agora está na hora de a levar e guardar perto de casa.
“A gente tem lareira em casa - recuperador - e dá muito jeito a lenha porque todos os outros combustíveis estão muito caros”, conta à Renascença.
E como tem lenha nas suas propriedades, em Chaves, a poupança é ainda maior.
“Antigamente tinha gás, e tenho, mas não estou, neste momento, a utilizar. Era um consumo mensal de cerca de 140 a 150 euros em gás”, diz, estimando uma poupança de “cerca de 600 euros por inverno, o que é considerável”.
Também Dores Paiva não quer outra alternativa. A lenha é um bom meio de aquecimento e permite poupar algum dinheiro.
“Como nós temos bastante lenha aproveitamos e assim também poupamos bastante. E, claro que aqui, o inverno é muito frio temos que nos preparar. Aproveitamos a mão de obra familiar para preparar a lenha e assim a poupança é muito maior e aquecemos as casas”, diz.
Cresce procura e aumenta o preço
A subida dos preços do gás, do gasóleo e da eletricidade faz com que as lareiras sejam uma opção para muitos portugueses. Nesta altura assiste-se, por isso, a uma crescente procura.
Diamantino Olmos, vendedor de lenha, conta que “a procura tem sido maior”.
“As pessoas estão a comprar mais devido ao aumento que tem havido nos combustíveis e na eletricidade. A lenha é uma alternativa. Há pessoas que meteram aquecimento, por exemplo, a gasóleo, e agora estão a mudar para a lenha porque é mais barato”, explica.
Não é de estranhar, por isso, que também os preços da lenha tenham aumentado.
“Relativamente ao que as outras coisas subiram, não subiu muito. Eu, por exemplo, subi 50 euros. Vendia a 350 euros a carga e agora estou a vender a 400. Não é muito”, diz à Renascença.
A carga tem à volta dos 3.500 quilos. Feitas as contas dá uma média de 120 euros por tonelada. “A lenha é da melhor, é de carvalho”, garante.
“Lenha seca há pouca”
Um pouco mais caro, é o preço praticado por Leonardo David que, por estes dias não tem tido mãos a medir para dar resposta a tanta procura. Também vende a carga e cada uma, a rondar os 3.500 quilos, custa 450 euros.
“Está a sair muito bem. O preço aumentou um bocadinho, como tudo. Nós vendemos à carrada. É mesmo a despachar. As pessoas têm frio e nós temos de as aquecer”, diz.
Já a revendedora Virgínia dos Anjos vende a lenha de carvalho ao reboque, que leva mais ou menos 2.000 quilos.
“Depende do que as pessoas queiram levar. O reboque custa 120 ou 130 euros, conta, referindo que “o preço aumentou” e que ainda não recebeu a última encomenda.
O atraso na entrega pode ter a ver também com a escassez de lenha seca no mercado. Diamantino Olmos diz que já quase não existe e a alternativa é adquirir lenha verde para misturar.
“Lenha seca há muito pouca. A que havia já está toda vendida e agora o que aconselho às pessoas é que se tiverem alguma lenha seca que vão levando da verde para misturar, economizam mais e sendo assim não vai faltar lenha”, aconselha.
Este vendedor que, no ano passado vendeu cerca de 500 toneladas de madeira para aquecer as casas, dada a crescente procura do produto, está a contar a contar superar as vendas.