​Porquê Santarém?
26-09-2022 - 06:33

O Governo tem obrigação de esclarecer a opinião pública quanto ao poder efetivo da empresa Vinci para determinar onde se irá construir o novo aeroporto de Lisboa.

Foi breve a reunião entre o primeiro-ministro e o líder do PSD sobre o futuro aeroporto de Lisboa. A. Costa estava acompanhado por Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas, e Luís Montenegro tinha a seu lado o vice-presidente do PSD Miguel Pinto Luz. Concordaram com o método para seguir os preparativos da construção do novo aeroporto. Só daqui a um ano ou mais se saberá qual a localização escolhida. Entretanto L. Montenegro viu aprovada a sua proposta de começar quanto antes as obras de requalificação do aeroporto da Portela.

Entre as localizações possíveis do novo aeroporto foi incluída a zona de Santarém. Aí um grupo de investidores privados, tendo à frente o grupo Barraqueiro, pretende construir um aeroporto. Esta é a localização mais recente que é avançada neste processo de indecisão que já leva décadas.

Porquê Santarém? Porque fica a 90 quilómetros do aeroporto da Portela, em Lisboa, fora, portanto, da área de 85 quilómetros onde impera a concessionária da Portela, a empresa francesa Vinci.

Ora a Vinci já foi apontada como tendo na mão o poder jurídico para, ao fim e ao cabo, condicionar a decisão do Governo e até decidir onde será construído o novo aeroporto. Um poder que estaria consagrado no contrato de concessão da Portela. Este parece ser um dado essencial para o processo de escolha do futuro aeroporto.

No entanto, pouco se fala deste assunto. O atual Governo já mostrou não ser um entusiasta da transparência. Mas tem a obrigação de esclarecer a opinião pública quanto ao poder efetivo da empresa Vinci para determinar onde se irá construir o novo aeroporto de Lisboa. Cabe ou não à Vinci a última e decisiva palavra sobre a localização do novo aeroporto? Não esclarecer este ponto significará que os encontros entre o Governo e os partidos da oposição sobre esta matéria decisiva para o futuro do país se fiquem por problemas secundários.